A oposição reforçou nesta quinta-feira os pedidos para que o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, seja demitido, após a decisão da presidente Dilma Rousseff de mantê-lo no cargo, contrariando recomendação da Comissão de Ética Pública da Presidência da República de exonerá-lo.
Na quarta-feira, a Comissão decidiu aconselhar o afastamento de Lupi, que tem sido acusado de diversas irregularidades. O órgão considerou que houve suposto desvio ético do ministro.
Lupi e a presidente reuniram-se nesta quinta-feira e Dilma decidiu pela manutenção do ministro na pasta.
"Nós estamos diante de uma situação que exige da Presidência da República uma decisão: ou aceita a recomendação da Comissão de Ética e demite o ministro, ou desfaz essa Comissão de Ética. Ela não terá mais sentido, razão de existir, se sua recomendação diante de tantos fatos graves que envolvem o Ministro do Trabalho não for acolhida pela Presidência da República", cobrou o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), ao discursar no plenário.
O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), afirmou que a permanência de Lupi na pasta é "absolutamente insustentável" e defendeu que Dilma siga a orientação da Comissão de Ética.
"O ministro não tinha qualquer condição de permanecer no cargo já há algum tempo. O que mais, além desse posicionamento da Comissão de Ética, a presidente Dilma está esperando? Isso só comprova que a faxina não existe. A presidente apenas reage e, nesse caso, perdeu o timing", disse Nogueira.
Por meio de nota, o líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR), também defendeu a imediata demissão do ministro.
"Mantendo Lupi no cargo, a presidente ignora uma recomendação unânime de um órgão auxiliar da Presidência da República responsável por zelar pela imagem do governo. É uma postura antiética. Na prática, Dilma está demitindo a Comissão de Ética", afirmou o deputado.
Lupi é alvo de denúncias de cobrança de propinas de organizações não-governamentais conveniadas com a pasta, além de ter supostamente pego "carona" em avião de dirigente de uma ONG que depois veio a assinar convênios com o ministério. Há também a denúncia de que Lupi teria sido funcionário fantasma da Câmara dos Deputados.
Nesta quarta, novas denúncias recaíram sobre o ministro. Dessa vez, a suspeita é que tenha acumulado ao mesmo tempo cargos na Câmara do Deputados, em Brasília, e na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), afirmou que a decisão da Comissão é uma recomendação e que cabe apenas à presidente Dilma a decisão de nomear ou demitir ministros.
"Aquilo é uma orientação. Quem decide sobre a queda de ministro é a presidente", disse o líder a jornalistas. "Eu tenho o Lupi na conta de um homem honesto. Se for comprovada alguma coisa, eu mudo a minha opinião", completou Vaccarezza.
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