A oposição subiu o tom nesta quinta-feira (27) para criticar a decisão da presidente Dilma Rousseff de manter o Ministério do Esporte sob o comando do PCdoB. Mesmo reconhecendo a seriedade do novo ministro, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que já presidiu a Câmara dos Deputados e sobre quem não pesa qualquer denúncia ou suspeita de corrupção, a avaliação é de que Dilma errou ao não afastar o PCdoB da pasta.
Para o senador Aécio Neves (PSDB-MG), a presidente perdeu a oportunidade de se impor perante a base e enfrentar alguns feudos partidários que priorizaram seus interesses em detrimento do interesse do país. E que Dilma não pode atribuir os erros ao passado.
"De todas essas sucessivas substituições que foram feitas em meio a denúncias de corrupção, acho que a presidente comete, neste caso, o maior dos equívocos, por manter a pasta sob o comando de um partido que a aparelhou de uma forma jamais vista", disse Neves. "Dessa forma, Dilma dá uma demonstração clara de que quer dar apenas uma satisfação à opinião pública e não corrigir de fato os gravíssimos desvios. Na medida em que tira o ministro e mantem o partido, a meu ver não mostra a autoridade que precisa mostrar".
Já entre os governistas, a reação foi outra e a nomeação de Aldo Rebelo para a vaga de Orlando Silva foi comemorada. O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), elogiou não só a escolha de Aldo, a quem se referiu como um "político experiente e respeitado", como defendeu a manutenção do PCdoB no comando da pasta.
"O PCdoB está nesta pasta há um certo tempo. Fazer uma mudança de orientação política neste momento, em que nos preparamos para receber a Copa do Mundo, poderia ser mais complicado", justificou Costa.
A nomeação de Aldo também mereceu elogios do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), que a classificou como "uma grande solução" para a crise no Ministério do Esporte. Mas o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) alerta Aldo sobre outra grande responsabilidade nas mãos: "O novo ministro terá como missão recuperar a imagem de seu partido, que tem uma história e presença forte na vida brasileira, mesmo que seja preciso cortar na própria carne e na estrutura do PCdoB".
O líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO), disse torcer para que Aldo consiga desmontar o esquema de corrupção detectado no Esporte, embora admita que "preferia ver no cargo alguém que entendesse de Esporte e que não fosse do PCdoB".