Ex-ministro
Nascimento reaparece, mas não vai atacar presidente
Alfredo Nascimento: em defesa dos próprios atos e de seu partido (Foto: Renato Araújo/ABr)Quase um mês depois de deixar o Ministério dos Transportes, no rastro dos escândalos que levaram o governo a afastar 22 dirigentes do setor até agora, o ex-ministro e senador Alfredo Nascimento (AM) vai se explicar da tribuna do Senado. Não fará ataques ao governo, apenas a defesa do PR, partido do qual é presidente, e dos atos dele e dos antigos subordinados do próprio ministério.
No dia 4 de julho, assim que deixou o Ministério dos Transportes, Nascimento voltou ao Senado. Mas, para não ter de dar explicações, pediu licença de um mês. Nesse período, amadureceu a ideia de que não é aconselhável atacar um governo com apenas sete meses de duração. O melhor é não arrumar confusão e manter os postos que o PR tem na administração federal, concentrados no setor de transportes.
Desse modo, Nascimento deverá dar um tom conciliador ao discurso que fará hoje, sem se esquecer da defesa do partido, uma agremiação média e importante para as vitórias do governo no Congresso, pois tem sete senadores e 40 deputados. O ex-ministro defenderá a legalidade das ações tomadas à frente do Ministério dos Transportes tanto no período da presidente Dilma Rousseff quanto no do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Agência Estado
A oposição voltou aos trabalhos no Congresso Nacional com uma ofensiva contra cinco ministros citados direta ou indiretamente em denúncias de corrupção. Foram apresentados ontem pedidos de convocação de Paulo Sérgio Passos (Transportes), Wagner Rossi (Agricultura), Mário Negromonte (Cidades), Edison Lobão (Minas e Energia) e Afonso Florence (Desenvolvimento Agrário).
O governo não deve impor obstáculos para que os ministros compareçam. O entendimento é de que a presença dos ministros pode enfraquecer outras iniciativas da oposição, como a tentativa de instalar Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) para apurar denúncias que envolvem os vários ministérios da presidente Dilma Rousseff. A oposição tenta ainda instalar uma CPI dos Transportes e diz precisar de só mais 4 assinaturas para alcançar este objetivo.
O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), afirmou que serão aprovados requerimentos nas comissões desde que eles tenham a ver com a área de atuação dos ministros. A presença se daria por meio de convites e não convocações.
Na visão de governistas, a presença de ministros rebatendo as acusações é importante para esvaziar pedidos de CPIs. O exemplo usado é de Luiz Antonio Pagot, ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Ele deu dois depoimentos no Congresso e não enfrentou maiores problemas para responder aos questionamentos da oposição, na visão dos aliados.
Paulo Sérgio Passos deverá ser o primeiro a inaugurar essa estratégia do governo. A oposição tentou, sem sucesso, convocá-lo durante o recesso. Agora, os governistas deverão concordar com a aprovação de convites para que ele fale sobre as denúncias na área de Transportes que levaram à troca de mais de 22 integrantes da cúpula do ministério.
Outro ministro que a oposição quer ouvir é Wagner Rossi. Seu nome foi citado por Oscar Jucá Neto, irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), em entrevista à revista Veja. A oposição quer ainda explicações de Mário Negromonte. Reportagem da revista IstoÉ afirma que, em 2010, o Ministério das Cidades, já então comandado pelo PP, liberou pagamentos irregulares a três grandes empreiteiras que fizeram doações de mais de R$ 15 milhões ao partido. O ministro nega a existência de um esquema na pasta.
No caso do Ministério de Minas e Energia as denúncias atingem a Agência Nacional de Petróleo (ANP), que é subordinada à pasta chefiada por Edison Lobão. De acordo com a revista Época, funcionários da agência cobram propina para resolver pendências de empresas do setor de combustíveis. O ministro Afonso Florence, por sua vez, tem sua presença requisitada para falar sobre denúncias de venda irregular de terras que deveriam ser direcionadas à reforma agrária.
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