A oposição da Câmara espera que o vice-presidente da Casa, André Vargas (PT-PR), se explique no Conselho de Ética sobre o uso de um avião emprestado pelo doleiro Alberto Youssef, pivô da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, como revelado hoje pela Folha de S.Paulo.

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Para o líder do DEM, Mendonça Filho (PE), Vargas precisa ir ao plenário da Casa e ao Conselho de Ética prestar esclarecimentos. "Eu acho que há de se esperar uma declaração pública, inclusive em plenário, sobre a matéria veiculada, e até a sua iniciativa pessoal de prestar contas ao Conselho de Ética da Câmara. Até porque as denúncias envolvem um personagem que está envolvido diretamente com crimes apurados pela Polícia", disse.

No mesmo sentido, o líder do Solidariedade, Fernando Francischini (SDD-PR) cobrou de Vargas uma explicação pública. Apesar da pressão, a oposição descarta, por enquanto, apresentar uma representação contra o vice-presidente, o que poderia desencadear um processo de investigação interna e até a abertura de um processo de cassação de mandato.

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O líder do PT, Vicentinho (SP), minimizou a questão e disse que PT confia em Vargas. "A nossa primeira ação é de respeito e confiança absoluta no nosso colega deputado André Vargas até que provem o contrário. Nos solidarizamos neste primeiro momento. Mas vamos ouvi-lo primeiro e a outras pessoas para que a verdade venha à tona", disse.

O presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), afirmou que ainda não teve oportunidade para conversar com Vargas sobre o caso, mas disse que irá fazê-lo. No entanto, ele não quis comentar o conteúdo da denúncia.

A viagem feita por Vargas a João Pessoa, na Paraíba, foi discutida em uma conversa entre ele e o doleiro por um serviço de mensagem de texto, no dia 2 de janeiro, segundo documentos da investigação da PF aos quais a reportagem teve acesso.

De acordo com a troca de mensagens de um aplicativo chamado "BBM", Youssef agendou voo em jato particular para Vargas às 6h30 em avião de prefixo PR-BFM.

"Tudo certo para amanhã", diz mensagem originada pelo celular do doleiro. Não fica claro se o avião pertence a ele.

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"Boa viagem se (sic) boas férias", acrescenta. Procurado pela reportagem, Vargas disse que conhece o doleiro há mais de 20 anos e que pediu o avião porque voos comerciais estavam muito caros no período, mas que pagou o combustível.

"Não sei se o avião é dele, ele foi dono de hangar e eu perguntei se ele conhecia alguém com avião", disse o petista. Apesar disso, Vargas diz ter cometido uma "imprudência". "Eu não sabia com quem eu estava me relacionando. Não tenho nenhuma relação com os crimes que ele eventualmente cometeu."

O petista integra a ala do partido mais ligada ao ex-presidente Lula e se destacou nos últimos meses pela defesa dos colegas condenados no processo do mensalão.

A operação da PF apura um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões em operações suspeitas.

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