Brasília (Folhapress) – Durante a primeira reunião conjunta de seis partidos da oposição – PFL, PSDB, PDT, PPS, PV e parte do PMDB –, parlamentares estancaram o discurso de impeachment e adotaram um posicionamento uníssono de que "não há clima político para o impedimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva". Definiram, porém, que devem pedir a reabertura das contas da campanha de Lula em 2002.

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O motivo para o recuo na questão do impeachment é prático: ninguém quer ser acusado de golpismo. Apesar disso, os oposicionistas avançam em ações laterais como a questão do pedido da reabertura das contas de Lula. Hoje a executiva do PFL se reúne para discutir o pedido de reabertura das contas de campanha de Lula à Procuradoria-Geral da República.

O pedido de impeachment havia ganhado força após o depoimento do publicitário Duda Mendonça à CPI dos Correios, na semana passada, quando ele afirmou que recebeu R$ 15,5 milhões de caixa 2 do PT, sendo R$ 10,5 milhões em uma conta nas Bahamas, por intermédio de Marcos Valério de Souza.

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Na reunião de ontem, os parlamentares decidiram, ainda, criar um fórum de acompanhamento da crise com articulação das oposições nas três CPIs que tramitam no Congresso – Correios, Mensalão e Bingos. Esse fórum interessa principalmente aos partidos pequenos da oposição – PPS, PV e PDT –, que ganharão mais peso. Outro consenso foi pedir que a CPI dos Correios e o Conselho de Ética da Câmara acelerem o processo de cassação dos parlamentares que foram beneficiários do esquema de Marcos Valério. Não se falou em nomes ou números.

A reunião de ontem foi articulada pelo PPS. O presidente do partido, Roberto Freire (PE), reconheceu que o partido exagerou ao veicular uma propaganda na qual acusava o PFL e o PSDB de promover um acordão com o PT para abafar a crise.

O presidente do PFL, Jorge Borhaunsen (SC), afirmou que "eles compreenderam que o comercial estava equivocado". Feitas as pazes, os oposicionistas alinharam o discurso em defesa das investigações, mas sem avançar o sinal do impeachment. "Se ficar comprovada a desonestidade pessoal e cabal do presidente não vamos poupá-lo", disse o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), para quem "impeachment não se pede, mas também não se impede". Vários parlamentares repetiram a mesma frase: "Não há clima político para o impedimeto e o pedido, se houver, tem de vir da sociedade." A oposição teme o ônus de uma ação desse tipo sem respaldo popular. "Vamos ser acusados de golpistas se falarmos de impeachment", disse o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA).