Brasília - Inconformada com o arquivamento sumário das 11 denúncias contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), a oposição ontem tomou duas medidas para marcar posição política: formalizou a renúncia coletiva de seus nove representantes no Conselho de Ética (cinco titulares e quatro suplentes); epromoveu um boicote a uma reunião de líderes partidários convocada por Sarney para tentar definir uma pauta de votações no plenário. O encontro, que não contou ainda com os petistas, acabou fracassando.
Já o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) voltou ontem a criticar e pedir a renúncia de Sarney. O petista chegou a mostrar um cartão vermelho como o mostrado pelos juízes no futebol para o presidente da Casa, que já não estava no plenário. O senador Heráclito Torres (DEM-PI) tomou as dores de Sarney e bateu boca com Suplicy. O petista também deu vermelho para o democrata.
Efeito zero
Como o efeito prático da renúncia é zero o Conselho de Ética poderá continuar funcionando normalmente, se a cada reunião houver um quórum mínimo de sete senadores , PSDB e DEM vão tentar aprovar hoje, na Comissão de Constituição e Justiça, um projeto de resolução alterando sua composição, de forma a impedir o que classificam de loteamente partidário do conselho.
"O Conselho de Ética não pode ser loteado pelos partidos. Por isso defendemos a mudança de sua composição", afirmou o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra.
A ideia é aproveitar os três projetos de resolução que estão tramitando na CCJ, entre eles o do senador Tião Viana (PT-AC) que propõe a extinção do Conselho de Ética, e apresentar um substitutivo estabelecendo uma composição paritária, ou seja, com um representante de cada partido com assento na Casa. Hoje, as 15 vagas no Conselho são distribuídas de forma proporcional ao tamanho das bancadas partidárias, assim como ocorre nas demais comissões do Senado. Isso dá ao PMDB e partidos da base controle total sobre as votações.
Caberá ao senador Antônio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA), relator dos três projetos de resolução, elaborar o substitutivo que deverá proibir ainda que sejam indicados para compor o Conselho de Ética suplentes ou senadores que respondam a processos criminais por improbidade administrativa ou que tenham tido suas contas rejeitadas por qualquer Tribunal de Contas.
A oposição planeja ainda retirar do presidente do Conselho o poder de arquivar de forma imperial, representações apresentadas por partidos políticos.
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