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Denúncias contra João Santana complicam situação de Dilma | Marcelo Camargo/Agência Brasil/Fotos Públicas
Denúncias contra João Santana complicam situação de Dilma| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Fotos Públicas

No dia da prisão do marqueteiro João Santana, no âmbito da Lava Jato, a oposição no Congresso Nacional assumiu o impeachment como “pauta única” e traçou estratégias para buscar respaldo “externo”. A principal medida foi a criação de um “comitê nacional pró-impeachment”, com o objetivo de unir forças favoráveis à cassação do mandato da presidente da República Dilma Rousseff. A decisão saiu de uma reunião entre os líderes do PSDB, DEM, PPS e SDD na Câmara dos Deputados, na manhã de terça-feira (23), mas parlamentares de outras legendas – como PMDB e PSB – também devem participar do comitê pró-impeachment.

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Além disso, a ideia da oposição, ao criar o comitê do impeachment, é atrair movimentos “externos” ao Congresso Nacional, como entidades e população em geral, aproveitando a recente operação da Lava Jato e também a proximidade dos protestos de rua, que já estavam convocados por movimentos sociais para o próximo dia 13.

À tarde, líderes da oposição no Senado também se reuniram para endossar o comitê pró-impeachment. Saíram da reunião fazendo um apelo para que a população saia às ruas e lançaram até um mote: “Ou você vai, ou ela fica”. Entre as ações do comitê pró-impeachment, anteciparam senadores da oposição, deverá ser a organização de atos contra a presidente Dilma “por cidade”.

“Não é um movimento de política partidária. É um movimento nacional e da sociedade, como foi o movimento pró-impeachment do Collor”, defende o líder do DEM, Pauderney Avelino. O comitê do impeachment terá CNPJ para buscar doações. O dinheiro servirá para a confecção de adesivos, bandeirolas, camisetas.

O líder do PSDB, Antonio Imbassahya, reconhece que havia um “esfriamento” do processo de impeachment, mas diz acreditar que o surgimento de João Santana na Lava Jato, nesta semana, “comoveu o país”. “Mais do que um marqueteiro, João Santana é o principal conselheiro da presidente Dilma. Ela ouve mais o João Santana do que o próprio Lula. É uma pessoa que frequenta a intimidade do Palácio da Alvorada”, afirma o tucano.

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“A Operação Acarajé é especialmente grave, porque entendemos que a Lava Jato chegou ao Palácio do Planalto”, completa Avelino, acrescentando que a oposição vai pedir uma audiência com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, para cobrar urgência na análise dos embargos de declaração protocolados pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), contra pontos da decisão da Corte envolvendo ritos do processo de impeachment na Casa. “Precisamos destravar o processo de impeachment”, informa Imbassahya.

Questionado sobre o fato de os argumentos do pedido de impeachment acolhidos na Câmara dos Deputados não terem relação com a Lava Jato – tecnicamente, o pedido de impeachment tem base nas chamadas “pedaladas fiscais” e na abertura de créditos suplementares sem previsão orçamentária –, o líder do PSDB reforça a “dimensão política” de um processo de cassação. “Já temos a fundamentação técnica. O ambiente da vontade das ruas, que se reflete dentro do Congresso Nacional, é também movido pelos fatos da Lava Jato, notadamente o de segunda-feira, gravíssimo. É o sentimento da política”, responde Imbassahya.

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Parceria

Se de um lado políticos da oposição contam com as manifestações de ruas para “turbinar” o impeachment contra a presidente Dilma, movimentos sociais organizados também parecem buscar os partidos para dar força ao pedido de cassação do mandato. Representantes de três movimentos sociais de rua – Movimento Brasil Livre (MBL), Movimento Brasileiro (MBR) e Vem pra Rua – se encontraram com lideranças da oposição nesta terça-feira (23) e já foram informados sobre a criação do comitê pró-impeachment.

“Se ficarmos só na rua gritando, a gente não vai conseguir nada. Estamos cobrando instituições. É uma pressão construída”, justifica o coordenador do Vem pra Rua em Brasília, Jailton Almeida, sobre o encontro com os parlamentares.

Para o representante do Vem pra Rua, a ideia do comitê pró-impeachment serve para “unificar nosso trabalho”. “Há uma espécie de parceria”, diz Almeida.

Questionado sobre a aproximação dos movimentos sociais com siglas da oposição, o representante do MBL Renan Santos ressalta que “nunca houve a negação da política” e confirma a participação de nomes do MBL nas eleições de outubro próximo, quando serão escolhidos vereadores e prefeitos de municípios.

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“A tendência é que a gente faça parte [do comitê pró-impeachment]. A reunião [com a oposição] foi rápida. Mas apoiamos a iniciativa”, indica Santos.

Ele acredita que a Lava Jato, além da “convocação do Faustão”, devem dar gás à manifestação do próximo dia 13.

Peso

A bancada de oposição na Câmara dos Deputados aposta na Lava Jato para atrair a população para as ruas no mês que vem, mas sustenta que as “manifestações virtuais” não podem ser ignoradas.

“Estamos conversando com os movimentos de rua. A ideia é colocar o maior número de pessoas nas ruas. Mas já podemos observar a grande insatisfação das pessoas na grande avenida, que são os blogs, as redes sociais”, defende o líder do DEM, Pauderney Avelino.

“As redes sociais preenchem os movimentos de rua”, comenta o deputado federal Heráclito Fortes (PSB-PI), que alega ter participado da reunião da bancada da oposição, na manhã desta terça-feira (23), apenas “como parlamentar”. “A questão do comitê pró-impeachment ainda será levada e analisada dentro da minha bancada”, informa ele.

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