A prisão do marqueteiro da campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff (PT), João Santana, no âmbito da Lava Jato, teve efeito imediato no Congresso.
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A bancada de oposição, que já havia reconhecido o enfraquecimento do processo de impeachment na Casa, reuniu suas tropas, ganhou fôlego e pediu para a população sair às ruas no próximo dia 13, na manifestação organizada por movimentos como o “Vem pra Rua” e “Brasil Livre”. A própria oposição, anunciaram os políticos, também estará nas ruas.
“Vamos botar, sim, a nossa cara e dizer basta a tudo isso que vem acontecendo com o Brasil”, disse o presidente nacional do PSDB, o senador Aécio Neves (MG). Cientes da baixa adesão de manifestantes no último protesto, em dezembro do ano passado, a oposição criou um mote para o próximo dia 13 – “Ou você vai, ou ela fica” – e já ensaiou um discurso caso não obtenha sucesso na estratégia: “Hoje a ‘grande avenida’ são os blogs, as redes sociais”, indicou o líder da bancada do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM).
O apoio aberto e direto das siglas nos protestos de rua é novidade, mas o impacto prático disso ainda é desconhecido. Cientistas políticos consultados pela Gazeta do Povo acreditam que o efeito nas ruas deverá ser “pouco significativo”.
“Eles [partidos de oposição] não engrossam os protestos. À exceção do PSDB, os outros não têm força popular, são partidos de caciques, de estados. É claro que eles podem levar um aparato, uma estrutura, cupinchas, mas, de modo geral, eles têm pouca base popular e até uma rejeição”, avalia o cientista político e professor do Uninter Luiz Domingos Costa.
“É uma estratégia da oposição, que é legítima, mas que não deve ter o efeito esperado por ela. A classe média, que tem sido boa parte do público dos protestos, repele os partidos políticos em geral, em função dos vícios de sempre, da corrupção”, acrescenta ele.
O cientista político e professor da Unicamp Wagner de Melo Romão também destaca a questão da rejeição à classe política. “Antes, já havia uma participação da oposição nos protestos, mas, meio às escondidas, justamente porque há uma aversão à classe política como um todo. A malversação do dinheiro público aparece nos governos do PT, mas também nos governos do PSDB. Então havia uma contradição evidente”, avalia ele.
Para Romão, contudo, a última fase da Lava Jato, de fato, “possibilita o encontro” entre os movimentos de rua e a oposição. “Agora há uma vinculação explícita entre dinheiro ilícito e campanha eleitoral da presidente Dilma. Há um fato realmente novo. A oposição conseguiu um oxigênio”, acredita.
Expectativa de público
Professor da Unicamp, Wagner de Melo Romão não acredita em uma participação grande da população nos protestos do próximo dia 13. Para ele, as mobilizações nas ruas no ano passado foram “decrescentes”. “Além disso, a última pesquisa apontou uma leve melhora na avaliação da presidente Dilma, o que pode significar uma ‘normalização’ da crise”, argumenta.
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