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Os partidos de oposição na Câmara se reúnem nesta segunda-feira para formalizar uma proposta que pode definir a situação do presidente da Casa, Severino Cavalcanti (PP-PE): PFL, PSDB, PDT, PPS e PV querem o afastamento voluntário de Severino do cargo para a abertura de investigação, no Conselho de Ética, sobre as denúncias de que ele recebia propinas de um prestador de serviços da Câmara. Caso Severino se recuse a sair, os partidos devem pedir a cassação de seu mandato. O PPS se antecipou e decidiu encaminhar uma representação contra Severino ao Conselho de Ética.

No domingo, o presidente da Câmara divulgou nota informando que determinou a abertura de sindicância na Casa para apurar as denúncias e que enviou o caso para a Corregedoria. O titular da Corregedoria da Câmara é o deputado Ciro Nogueira (PP-PI), considerado homem de confiança de Severino e chamado por ele de "meu filho".

Os parlamentares contrários à permanência de Severino defendem seu afastamento imediato até o fim do julgamento dos processos contra deputados envolvidos nos escândalos dos Correios e do Mensalão. Segundo o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), que lidera com o PSDB e o PFL o coro dos descontentes, Severino não tem condições morais ou mesmo capacidade de presidir a Câmara.

Reportagem da revista "Veja" afirma que Severino recebeu propinas mensais de R$ 10 mil entre março e novembro de 2003, pagas por Sebastião Augusto Buani, que explora atualmente um dos oito restaurantes da Câmara. A revista diz que ele também recebeu de Buani outros R$ 20 mil pela renovação de seu contrato em 2002, quando o deputado era primeiro-secretário da Casa. A reportagem menciona ainda um suposto documento assinado por Severino, assegurando a Buani monopólio de cinco anos como concessionário. Esta seria a prova mais importante contra Severino.

- Em qualquer país, Severino teria renunciado. Ele não tem condições de ser o condutor de um processo tão delicado que envolve a cassação de tantos deputados. Isto fere a imagem da Casa. Quanto ao documento, se o deputado Severino disser que assinou sem ler, então iremos pedir seu afastamento por incapacidade ou irresponsabilidade civil. Ele não tem como continuar no cargo - afirmou Gabeira, que, no plenário da Câmara, na semana passada, chamou Severino de indigno para o cargo, após o presidente da Câmara ter defendido pena branda para o crime de caixa 2.

No fim de agosto, Severino já causara polêmica ao informar que enviaria para a Corregedoria, e não para o Conselho de Ética, os relatórios dos processos de pedido de cassação dos parlamentares envolvidos com o escândalo do mensalão. A medida, vista como forma de retardar o processo de apuração, foi chamada de "operação abafa", causou intensa reação no Congresso e não foi levada adiante.

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