A oposição vai acelerar a mobilização para a criação, na volta dos trabalhos do Legislativo, de uma nova CPMI da Petrobras diante das revelações do vice-presidente da Engefix Engenharia, Gerson de Mello Almada, preso na Operação Lava Jato. O executivo disse à Justiça que os desvios da petroleira serviam para alimentar o esquema montado pelo PT para comprar apoio da base aliada no Congresso Nacional e abastecer fundos eleitorais.
O líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE), disse que o depoimento de Almada reforça a necessidade de uma nova CPMI e que o esquema na Petrobras, o chamado Petrolão, é a segunda fase do escândalo do mensalão. Mendonça Filho considerou "gravíssimos" os fatos apontados por Almada, de que realmente os recursos desviados eram para sustentar o esquema da base parlamentar do governo. Além do depoimento de Almada, Mendonça Filho disse que também precisam ser analisadas as movimentações do ex-ministro José Dirceu, os recursos que recebeu por meio de sua consultoria. "Tudo isso reforça a necessidade de uma CPMI para aprofundarmos as investigações. É um quadro cada vez complicado para o governo. Os fatos são gravíssimos e corrobora todo o enredo do mensalão, que também era desvio de recursos para alimentar a base ou parte da base parlamentar. É o mensalão 2, o retorno", ironizou Mendonça Filho.
Para o líder do DEM, a Petrobras foi "totalmente desmantelada" pelo governo Lula. Ele disse que será iniciada a coleta de assinaturas para abrir a CPMI. Na legislatura passada, houve duas CPIs: uma do Senado, totalmente controlada pelo governo, e outra Mista, que sempre ficou a reboque das investigações da Polícia Federal e do Ministério Público.
O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), disse que os depoimentos vêm comprovando a estratégia adotada pelo PT para a conquista e manutenção do poder e que está ocorrendo a "depredação do bem público". O tucano disse que a presidente Dilma Rousseff já participava do governo Lula com cargos centrais e agora comanda o país.
A ideia dos partidos de oposição é, a partir do dia dois de fevereiro, quando a sessão legislativa começa, é iniciar a coleta de assinaturas para uma nova CPI Mista da Petrobras. "É menção de uma estratégia para conquista e preservação do poder que o PT vem aplicando desde o governo Lula, com o qual a presidente Dilma conviveu alegremente . Há essa degradação do bem público em proveito de um projeto. Vamos voltar à carga das investigações e para uma nova CPMI. Cada dia há mais indícios, mais elementos . E esses elementos agora mostram dados sem a desculpa do PT de que se tratava de um factoide eleitoral. Há depoimentos de empresas, partidos e funcionários da empresa", disse Aloysio.
Na mesma linha, o líder do PPS na Câmara, deputado federal Rubens Bueno (PR), reforçou a necessidade de instalação de nova CPI para investigar o escândalo da Petrobras. Ele disse que o PPS continuará lutando pela criação de uma nova comissão de investigação sobre o escândalo. "Continuaremos com a mesma determinação para a criação de uma nova CPI para investigar a roubalheira instalada na Petrobras. A revelação desse empresário corrobora com tudo aquilo que nós, da oposição, falamos e mostra que ainda existe muita coisa por vir", disse Rubens Buenos.
Rubens Bueno disse ainda que a quebra de sigilo fiscal e bancário do ex-ministro Dirceu, dentro da operação Lava Jato, que apontou recebimento de quase R$ 4 milhões de três empreiteiras envolvidas em esquema de corrupção na estatal brasileira, levanta muitas suspeitas. "Novamente a figura de maior destaque do PT no governo Lula, José Dirceu, condenado pelo mensalão, volta a ser investigado por suspeitas de envolvimento nesse gigantesco esquema de corrupção. O Congresso Nacional tem a obrigação de dar respostas contundentes para a sociedade", disse o líder do PPS.
Do lado governista, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) disse que é preciso aguardar a posição oficial do Ministério Público quanto à Petrobras. Ele disse que é necessário ter cautela, porque os acusados têm diferentes estratégias de defesa. "Ele (Almada) terá que provar isso. Eles devem ter muitas estratégias de defesa, e isso (as acusações) pode ser uma estratégia de defesa. Por isso, temos que aguardar o posicionamento do Ministério Público Federal", disse Paulo Teixeira.
Quando ao petista Dirceu, Paulo Teixeira defendeu "cautela". "Que ele (Dirceu) tinha contrato com várias empresas, nenhum problema. Que isso dissesse respeito a Petrobras, não há nexo. E, portanto, caberá a ele, a seu tempo, se defender como já está fazendo no caso dos contratos", disse Paulo Teixeira.
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