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As denúncias de que o empresário Fernando Gonçalves teria usado de sua influência para liberar um carro apreendido em situação irregular pela Polícia Rodoviária Federal, na Rodovia Washington Luiz, podem levá-lo a enfrentar problemas também em sua carreira política. Suplente do deputado Roberto Jefferson (PTB) que está ameaçado de cassação, ele também poderá ser alvo de denúncia no Conselho de Ética da Câmara de Deputados por quebra de decoro, correndo risco de perder o mandato.

Líderes de partidos da oposição disseram ontem que Gonçalves será denunciado caso tenha, de fato, que assumir o lugar de Jefferson, cujo processo de cassação deve ser votado nesta quarta-feira. Eles vão requisitar à Polícia Federal os grampos telefônicos feitos, com autorização da Justiça, em que o suplente de Jefferson participa de um diálogo em que se tenta liberar um veículo irregular.

A escuta, revelada ontem em reportagem do GLOBO, foi feita durante a Operação Poeira no Asfalto, que investigou a máfia dos combustíveis. O material da investigação da PF também já foi encaminhado ao Ministério Público Federal e à Justiça Federal. Procurado na sexta-feira e ontem para comentar as denúncias, Gonçalves não foi encontrado.

- Não temos como evitar que ele (Gonçalves) tome posse. Também só poderemos investigar denúncias que pesem contra ele a partir do momento em que comece a exercer o seu mandato - diz José Carlos Aleluia (PFL-BA).

Já o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) diz que discutirá a situação do suplente de Jefferson com os demais partidos de oposição para traçar uma estratégia. Gabeira, porém, admite que a análise do caso poderá demorar. Isso porque a votação dos processos de cassação de 18 parlamentares envolvidos nas denúncias de mensalão e de outros parlamentares acusados de quebra de decoro terá prioridade sobre novas denúncias que surgirem.

- Infelizmente, existe uma prática antiga de interferências políticas na Polícia Rodoviária Federal de todo o país. As oposições têm interesse de analisar o que foi apurado pela Polícia Federal sobre o suplente de Jefferson. Mas há casos envolvendo outros deputados que têm precedência sobre este - disse Gabeira.

Entre os partidos da base do governo, também há disposição de se analisar a situação de Gonçalves. O líder do PSB do Espírito Santo, deputado Renato Casagrande, diz que qualquer parlamentar pode ser alvo de representação ao Conselho de Ética independentemente de os atos irregulares terem sido praticados antes ou durante o mandato.

- No Congresso, se faz uma avaliação política. Toda denúncia que chegar de um parlamentar deve ser analisada. E se for o caso, encaminhada ao Conselho - afirmou Renato.

Gonçalves, que já exerceu mandato de deputado federal, tem base eleitoral na Baixada Fluminense. Nas eleições municipais de 2004, ele foi candidatou a prefeito de Nova Iguaçu, ficando em terceiro lugar com 11,9% dos votos. No ano passado, Gonçalves foi condenado a 1 ano e oito meses de prisão após ser acusado de fraude em guias de internação hospitalar do Sistema Único de Saúde (SUS). A pena foi convertida em prestação de serviços à comunidade e em multa.

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