Parlamento
Oposicionistas estarão mais fragilizados no Congresso
Os oito governadores do PSDB decidiram deixar para deputados federais e senadores o papel de fazer oposição à presidente Dilma Rousseff (PT). Mas os oposicionistas serão ampla minoria dentre os novos congressistas que, ao contrário da presidente e dos governadores, não tomaram posse no sábado. Os novos senadores e deputados federais, bem como deputados estaduais de todo o país, assumem o mandato no dia 1º de fevereiro.
Dos 513 deputados federais eleitos em outubro, 360 (70,1% da Câmara) são de partidos que compõem a base que elegeu Dilma. E, no Senado, dos 81 integrantes, 57 deve estar alinhados com o governo petista (70,3%).
Na prática, a maciça base governista tornará muito fácil aprovar projetos de lei comuns, que exigem maioria simples (50% mais um dos votos), ou mudanças na Constituição (que exigem o apoio de três quintos dos parlamentares ou 60%). Dilma também vai conseguir barrar com mais facilidade a instalação de comissões parlamentares de inquérito (CPIs) para investigar atos do governo federal.
Dilma terá um cenário muito mais favorável no Congresso do que teve Luiz Inácio Lula da Silva. Lula, por exemplo, amargou em 1997 uma derrota no Senado que ele carregou como uma mágoa até os últimos dias do mandato: o fim da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), o imposto do cheque. Muitos analistas dizem que foi ali que Lula percebeu que não conseguiria aprovar uma mudança constitucional que lhe permitisse um terceiro mandato seguido.
Lula também enfrentou, principalmente no primeiro mandato, uma oposição aguerrida que conseguiu impor a realização da CPI dos Correios, que investigou em 2005 o escândalo do mensalão. A CPI e a exposição do caso na mídia provocou a mais baixa popularidade de Lula durante todos os oito anos de sua gestão, a ponto de ter ameaçado a sua reeleição, em 2006.
Fogo amigo
Apesar da ampla base de apoio, já se espera que Dilma venha a ter dificuldades para manter os congressistas aliados satisfeitos. Durante a montagem do ministério, a petista teve de enfrentar queixas fortes de partidos aliados, como o PMDB e o PSB, que buscavam ocupar espaço maior na Esplanada. Alguns analistas esperam que, muito mais que a oposição, o chamado "fogo amigo" de aliados será a maior dificuldade de Dilma na sua relação com senadores e deputados.
Da Redação
Além do tucano Beto Richa (PSDB) no Paraná, outros 26 governadores eleitos em outubro tomaram posse neste sábado. Junto com o paranaense, mais sete novos governadores são filiados ao PSDB. A oposição à presidente Dilma Rousseff (PT) conta ainda com dois governadores do DEM. Embora tenham ficado com o governo de 10 das 27 unidades da federação, os oposicionistas administrarão estados onde está concentrada 52% da população brasileira. No entanto, os oito governadores tucanos, em recente reunião realizada em Maceió (AL), já decidiram que não vão fazer papel de oposição. Deixarão essa tarefa exclusivamente para os parlamentares do Congresso Nacional.
Apesar de não reforçarem a posição dos partidos no embate com o governo, a eleição nos estados ajudou os oposicionistas a se manterem vivos no cenário nacional. O PSDB, por exemplo, acabou sendo a legenda com maior número de governadores eleitos no país. Além disso, ficou com os dois maiores colégios eleitorais do Brasil São Paulo e Minas Gerais e ganhou em outros estados importantes, como o Paraná. A derrota mais sentida foi a do Rio Grande do Sul, onde Yeda Crusius perdeu a reeleição para o petista Tarso Genro.
O DEM, que na eleição passada havia conseguido eleger apenas José Roberto Arruda, do Distrito Federal, estava sem nenhum governador, já que o escândalo do mensalão brasiliense levou o democrata a renunciar ao mandato. Agora, o DEM conseguiu os governos do Rio Grande do Norte e de Santa Catarina.
Socialistas em alta
Já dentro da coligação que elegeu Dilma Rousseff, o partido que elegeu maior número de governadores foi o PSB, o Partido Socialista Brasileiro. Foram seis no total quatro deles apenas no Nordeste. Eduardo Campos, governador reeleito de Pernambuco e presidente nacional do PSB, foi também o mais votado entre todos os governadores do país em 2010. Foi escolhido com 82,84% dos votos válidos dos pernambucanos.
O PT conseguiu cinco governos estaduais. Alguns deles em estados populosos, como o Rio Grande do Sul e a Bahia. Também retomou o comando do Distrito Federal, que já havia sido do partido durante a gestão de Cristovam Buarque (1995-1998), mas onde o PT não conseguia ganhar novamente havia 12 anos. A legenda também manteve sua mais antiga hegemonia, vencendo no Acre pela quarta vez consecutiva.
O governador eleito do Acre, Tião Viana, aliás, foi o primeiro dos 27 a tomar posse no sábado. Em razão do fuso-horário do estado e da distância até o Planalto Central, a decisão foi de fazer a posse do governo estadual ainda de madrugada, para que Viana pudesse se dirigir a Brasília para prestigiar a posse da correligionária Dilma Rousseff.
PMDB
Outro partido da base de Dilma que elegeu cinco governadores foi o PMDB. O maior colégio eleitoral conquistado pelo partido foi o Rio de Janeiro, onde Sérgio Cabral se reelegeu com facilidade, com 66% dos votos válidos. O partido também venceu em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão e Rondônia. O último partido a conquistar um governo de estado foi o PMN, que venceu a eleição no Amazonas com Omar Aziz durante a campanha, ele declarou apoio a Dilma.
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