A oposição vai pedir ao ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) para garantir a “integridade” dos manifestantes que vão participar de atos políticos marcados para o próximo domingo. O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), disse que vai encaminhar ofício ao ministro com o pedido para que o governo federal ofereça segurança à população que for às ruas protestar em diversas capitais do país.
Os oposicionistas acusam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ter incitado o MST (Movimento dos Sem-Terra) a defender o PT e o governo nas ruas, o que pode gerar confronto entre manifestantes contrários e favoráveis à presidente Dilma Rousseff.
“Por que ele botou o MST antecipando o ‘abril vermelho’ para agora? É intenção dele tentar o quê? Intimidar as pessoas que querem ir às ruas domingo. Para elas pensarem: como vou levar meus filhos, familiares, sendo que existe uma predisposição desses vândalos”, disse Caiado.
Líder do PSDB, o senador Cássio Cunha Lima (PB) afirmou que Lula mobilizou o MST em “tom ameaçador” para intimidar os manifestantes.
“Se o exército do MST, do Stédile [João Pedro Stédile, líder do MST], avançar, o exército do povo brasileiro vai avançar também, porque não haverá recuo. Nós não vamos permitir que tenhamos, neste instante, à base de métodos que não são aprovados pela maioria esmagadora dos brasileiros, a prevalência de um pensamento político à base da força”, disse o tucano.
Cunha Lima e Caiado prometeram participar das manifestações marcadas para domingo ao lado de seus familiares. O tucano disse que respeita a decisão do senador Aécio Neves (PSDB-MG) de se ausentar dos atos de domingo por considerar que o PSDB seria acusado de promover “terceiro turno” das eleições --já que o tucano foi derrotado por Dilma em 2014.
“Como ele disputou a eleição e por muito pouco não foi o eleito à Presidência da República, a presença dele pode ser confundida como um aproveitamento político de um movimento que é apartidário.”
Da tribuna do Senado, Caiado cobrou que a presidente Dilma seja investigada no petrolão por ser ex-ministra de Minas e Energia e integrantes do Conselho de Administração da Petrobras. Na opinião do oposicionista, Dilma não pode ser responsabilizada criminalmente por ser presidente, mas não tem a prerrogativa de deixar de ser investigada.
“A Constituição é bem clara: responsabilizar é uma coisa, investigar é outra. Na Constituição não existe nenhum artigo que impeça investigação de qualquer agente público como tal”, disse. Caiado sustenta que Dilma foi citada 11 vezes nas delações premiadas de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef e manteve a diretoria da estatal.
Apesar das críticas a Dilma, a oposição é cautelosa em relação a um eventual pedido de impeachment contra a petista. Parte dos atos marcados de domingo têm como mote o “Fora Dilma”.
“Precisamos iniciar a investigação para, aí sim, após a constatação do fato, possamos caminhar para abertura de processo [contra Dilma]”, disse Caiado.
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