A presidente Dilma Rousseff e o Partido dos Trabalhadores serão alvo de manifestações convocadas para este domingo em várias cidades do país. Impulsionados pela crise econômica, pela convulção política que toma conta de Brasília e, sobretudo, pelas denúncias de corrupção ligadas à Operação Lava-Jato, grupos como o Movimento Brasil Livre (MBL), Revoltados OnLine e o Vemprarua.net mobilizaram as redes sociais nas últimas semanas e prometem encher as ruas com brasileiros que estão descontentes com os rumos do governo federal.
As manifestações vão servir como termômetro para o Planalto e a oposição definirem os próximos passos no xadrez da crise política. Após uma semana em que o governo Dilma reagiu e obteve algumas vitórias, como o adiamento do julgamento pelo TCU das contas de Dilma e a reaproximação com o presidente do Senado, Renan Calheiros, a mobilização popular mostrará quem hoje está mais forte. A baixa adesão aos protestos pode consolidar o clima de virada do governo iniciado nesta semana. Mas se o público crescer em relação às manifestações de 12 de abril, o clima para o pedido de afastamento da presidente poderá se fortalecer.
Em abril, cerca de 700 mil pessoas foram para as ruas, segundo estimativas oficiais, em 224 cidades, número bem menor que em março, quando 2 milhões de pessoas, também segundo estimativas da Polícia Militar, participaram de protestos em 252 cidades.
Desta vez, o PSDB, principal partido da oposição, resolveu apoiar oficialmente as manifestações. Em comerciais na TV, o partido convocou a população. A adesão nas redes sociais, porém, tem se mostrado menor. Os perfis dos movimentos Brasil Livre, Vem Pra Rua e Revoltados Online — organizadores dos atos — registravam na última sexta-feira cerca de 250 cidades mobilizadas. Em março, às vésperas de protesto naquele mês, eram mais de 400.
A presidente Dilma deverá acompanhar as manifestações do Palácio da Alvorada. Até a noite de sexta-feira, em sua agenda oficial não constava qualquer evento público. O vice-presidente Michel Temer pretende estar em São Paulo, com a família. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, deverá seguir os protestos do Centro de Comando e Controle de Brasília.
No Rio, a prefeitura adiantou o horário do Desafio Internacional de Ciclismo de Estrada, evento-teste para as Olimpíadas de 2016, por causa da manifestação marcada na orla de Copacabana.
Em São Paulo, onde costuma reunir o maior número de manifestantes, a Polícia vai contar com efetivo de mil homens, entre policiais civis e militares, para garantir a segurança nos protestos. Ficou acordado com os organizadores que as manifestações serão estáticas, ou seja, os grupos ficarão apenas na avenida Paulista e adjacências.
Rogério Chequer, porta-voz do movimento Vem pra Rua, afirmou que 271 cidades participarão das manifestações em todo o país. Na capital paulista, o movimento está organizando pontos de encontro em estações de metrô nas periferias como Itaquera, na zona Leste, Capão Redondo, na zona Sul, e Carandiru, na zona Norte, porque enxerga uma “crescente adesão da periferia” nos protestos contra o governo federal.
- No protesto do dia 12 de abril (que contou com a participação de 100 mil pessoas em São Paulo, de acordo com o Instituto Datafolha) já foi possível ver que tinha muitas pessoas da periferia. Desta vez, acreditamos que a adesão vai ser ainda maior. Por isso, a ideia de organizar esses pontos de encontro - contou Rogério.
O Movimento Brasil Livre (MBL) acredita que os protestos do próximo domingo serão maiores do que os que ocorreram em 12 de abril porque cresceu o clima de insatisfação no país.
- Não conseguimos mensurar um número, mas acreditamos que será maior do que o de 12 de abril por causa desse clima de crise política e insatisfação no Brasil. Temos apenas o termômetro da rua, que está muito bom. E sentimos que desta vez as pessoas estão indo com mais esperança de que alguma coisa vai de fato acontecer - diz Renan Haas, um dos coordenadores do MBL.
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