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A organização ambientalista Greenpeace e as comunidades locais fazem neste domingo(12), em Anapu (PA) e em outros municípios do Pará, uma série de protestos para lembrar um ano do assassinato e a luta da missionária norte-americana Dorothy Stang. Durante todo o dia, ativistas e representantes de ONGs ambientalistas e de defesa dos direitos humanos vão realizar manifestações para cobrar do governo brasileiro a criação e implementação de unidades de conservação como forma de frear o avanço da grilagem e do desmatamento no Pará e na própria Amazônia, regiões de graves conflitos rurais e ambientais.

O Greenpeace é uma das organizações que está liderando o movimento. Como forma de protesto pela morte de Dorothy Stang, a entidade ambientalista lançou uma campanha pela Internet para a criação das áreas ambientais e implementação dos Projetos de Desenvolvimento Sustentável na região, prometidas pelo governo logo após a morte da missionária como forma de conter a prática da violência e resolver os conflitos socioambientais na região.

O protesto virtual, que pode ser acessado no site (http://www.greenpeace.org.br/irmadorothy/), é dirigido, segundo o Greenpeace, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rosseto.

Os protestos de hoje, segundo o Greenpeace, também exigem a presença constante do estado na região para acabar com as causas motivadoras da violência, garantindo um futuro sustentável e pacífico para a floresta e seus habitantes.

Neste sábado (11), ambientalistas e representantes de comunidades locais colocaram 772 cruzes de madeira pintadas de branco e outras 48 cruzes vermelhas perto do túmulo de Irmã Dorothy, no Centro São Rafael, em Anapu. As cruzes brancas representam os trabalhadores rurais assassinados em conflitos de terra nos últimos 33 anos naquele estado, e as vermelhas, simbolizam os líderes comunitários atualmente ameaçados de morte. Junto às cruzes foram colocadas faixas com a seguinte mensagem: "Nem mais uma morte. Nem mais um hectare".

Em Belém, capital do Pará, a morte da freira também está sendo lembrada. As manifestações em memória de Dorothy Stang começaram logo cedo, com um culto ecumênico em frente à Basílica de Nazaré. Neste momento, manifestantes fazem uma caminhada pelo centro da cidade. Às 19 horas, o arcebispo da cidade, dom Orani Tempesta, vai celebrar missa na paróquia Santa Maria Goreth, das irmãs de Notre Dame, congregação à que pertencia a missionária.

Além dos eventos que marcam um ano da morte da missionária, representantes da Procuradoria da República no Pará vão se reunir hoje, em Anapu, para discutir a situação dos Projetos de Desenvolvimento Sustentável Esperança e Virola-Jatobá, tão defendidos por Dorothy Stang. Os procuradores Felício Pontes Júnir, de Belém, e Marco Antônio Delfino de Almeida, de Altamira, vão conversar com as cerca de 300 famílias de trabalhadores rurais com quem a missionária trabalhava.

A expectativa, segundo informou assessoria de imprensa da Procuradoria da República no Pará, é encontrar um cenário ainda "conflituoso" na região. A assessoria também informou que, na última visista de um representante do Ministério Público Federal à Anapu, em agosto de 2005, a tensão no município "continuava crescendo e os trabalhadores ainda resistiam precariamente às pressões de grileiros e madeireiros".

O secretário de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, também estará hoje em Anapu, acompanhado de uma comitiva de representantes do governo federal, para participar das homenagens que marcam um ano da morte da missionária. Além de Vannuchi, integram a comitiva o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Luis Paulo Teles Barreto; a coordenadora da Secretaria da Amazônia do Ministério do Meio Ambiente, Muriel Saragoussi; e o presidente do Incra, Rolf Hackbart.

A primeira atividade do grupo em Anapu, às 13 horas, será uma reunião com as lideranças locais. Às 14h30, está prevista uma coletiva de imprensa no Centro Irmã Dorothy Stang e, em seguida, uma caminhada até o túmulo da freira, no Centro São Rafael, onde será realizado um ato ecumênico.

No dia 12 de fevereiro de 2005, Dorothy Stang foi assassinada com seis tiros a 40 quilômetros do município de Anapu, região oeste do Pará. A freira realizava, naquela região, trabalhos sociais há 20 anos, onde predominam conflitos de terra envolvendo trabalhadores rurais, grileiros e fazendeiros.

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