Na semana passada, segundo a polícia, a paranaense Karla Cassiane Ponfrecki, de 19 anos, confessou que deixou a filha, Nicole, de 1 mês, cair no chão enquanto amamentava a criança. O bebê não resistiu à queda e morreu. A mãe está presa e pode ser responsabilizada pela morte. Casos semelhantes a este, de acidentes caseiros envolvendo bebês recém-nascidos, são mais freqüentes do que se pensa.
Segundo o médico pediatra do Hospital São Luiz, Luiz Cervoni, não é possível mensurar a quantidade de ocorrências deste tipo, mas até o bebê completar três meses de vida é preciso tomar uma série de cuidados especiais. Processos rotineiros como alimentar, dar banho e colocar a criança para dormir podem representar riscos à saúde e até à vida do bebê.
"Uma das coisas que mais acontecem é o bebê engasgar. O ideal é deixá-lo numa posição confortável, sem ser muito deitado, com sua cabeça levantada num ângulo entre 30 graus e 45 graus", explica o pediatra. O médico diz ainda que é importante que a criança possa arrotar depois de ser amamentada. "O processo não deve ser forçado, mas os pais precisam dar a oportunidade para que o bebê arrote", afirma. A mãe, ou outro adulto, deve andar com a criança por cerca de dez minutos depois da alimentação.
A enfermeira Márcia Regina da Silva, que coordenadora os cursos de gestantes e de amamentação da Maternidade São Luiz, complementa: "a mãe nunca deve estar deitada na hora de alimentar o filho". Mesmo à noite, é importante que se esteja sentada para facilitar as coisas para o bebê. "Assim", explica, "se minimiza riscos".
É necessário também que a mãe evite alimentar a criança quando estiver com sono. "Tem muita gente que cochila quando está amamentando. Isso é perigosíssimo porque a criança pode ser sufocada pelo corpo da mãe, pelo próprio seio ou pelo excesso de leite", explica o médico. Por isso, medicamentos como anticonvulsivantes e calmantes devem ser evitados a todo custo. Além disso, o ideal é ter sempre outra pessoa para ajudar nos cuidados com o bebê.
Berço e banho
A posição em que a criança é colocada para dormir no berço também precisa ser escolhida com cuidado. "São freqüentes os casos de crianças que se sufocam com o travesseiro ou a coberta", conta Cervoni que sugere que a criança seja colocada para dormir deitada de lado ("de bruços é bem perigoso; deve-se evitar"), sem muitas cobertas e sem travesseiro.
"Colocar a criança de barriga para cima também não está errado, mas a posição mais indicada é de lado, porque, quando a criança regurgita (golfa), o refluxo não volta e ela não corre o risco de se sufocar", explica Márcia, que diz ainda que apoios na frente e nas costas do bebê e um suporte embaixo do colchão para elevar a cabeça da criança são indicados. "Travesseiros anti-sufocantes não servem para nada", afirma.
Roupa demais também pode ser um problema. Se estiver muito aquecido, o bebê pode desidratar. Deve-se proteger sempre os braços e pernas e ir de acordo com o clima. "Se o tempo estiver mais frio, coloque mais roupas e cobertas", explica a enfermeira.
É importante lembrar que o bebê não consegue virar o corpo antes do terceiro mês de idade. Se não estiver numa posição adequada, pode ficar sem respirar. O que nenhum médico indica é colocar o bebê para dormir na cama, entre os pais. "É muito comum e as pessoas se viram muito durante a noite, podendo machucar a criança", afirma Márcia.
Nos banhos, deve-se segurar a cabeça da criança para que o bebê não fique sob a água, reduzindo a possibilidade de afogamento. O pediatra diz que é preciso estar atento à temperatura da água para evitar que o bebê sofra queimaduras durante o banho. A enfermeira afirma ainda que na hora de girar o bebê para lavá-lo deve-se ter cuidado para que a cabeça da criança não mergulhe na água.
Outra medida aconselhada pela especialista é que se mantenha animais longe do bebê. O acesso de irmãozinhos ao recém-nascido também deve ser limitado, explica a enfermeira. "Uma das melhores coisas é fazer uma criança participar da criação do bebê. É quando se reforça os laços entre os irmãos", diz, mas alerta que um adulto tem que sempre acompanhar de perto essa "integração".
Depressão pós-parto
Os casos de mães que apresentam sintomas de depressão pós-parto, que se manifesta até três meses após o nascimento do bebê, devem ser tratados com mais cuidado ainda. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o problema atinge entre 10% e 15% das mães no mundo todo.
Cervoni explica que é preciso fazer uma avaliação da situação de cada paciente. Em casos mais simples, a mãe precisa ser medicada e acompanhada permanentemente por um adulto. "Se o quadro for mais grave, a mulher precisa ser afastada do filho e medicada", explica.
Apesar de reforçar que todos cuidados são necessários, a enfermeira diz que se deve evitar o exagero: "não ficar com o bebê o tempo inteiro no colo, não antecipar as necessidades do bebê, como alimentá-lo demais". O pediatra concorda: "nada de centralizar, nada de proibir que outras pessoas segurem o bebê ou ajudem na hora do asseio", diz.
Mas o médico explica que é complicado convencer uma mãe de que está sendo superprotetora. "Toda mãe tem a tendência de superproteger o filho. Muitas chegam aqui no consultório e dizem que têm uma relação saudável com seus rebentos. Eu sempre digo: mentir é feio", brinca.
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