São Paulo (AE) Um fantasma ronda o Palácio do Planalto mas até o momento ninguém descobriu a sua ideologia. Ele parece existir, dada a insistência com que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva o ressuscita em seus pronunciamentos, notadamente nos últimos quatro meses, quando ao original se juntou o fantasma da crise. Lula tem denunciado a entidade "eles", que integraria a legião das "forças ocultas". A referência mais grave foi feita no dia 21 de junho: "Eles não sabem com quem estão lidando", bradou. Nos lados da oposição, ninguém assume a carapuça.
Análise feita nos pronunciamentos formais e informais do presidente dos últimos quatro meses (desde o início da crise política) apontou dezenas de frases em que Lula se refere a "eles", "aqueles", "alguém" sempre um inimigo indefinido que ele, ao final, consolidou sob a acusação genérica de "forças ocultas" que estariam tramando para desestabilizar o seu governo.
"O presidente está vendo fantasmas onde eles não existem, diz o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato. "Não tem nada mais aberto do que as movimentações da oposição", observa o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), "nosso jogo é muito claro". O presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, descarta o meio empresarial como suspeito de ser o "eles". "Todas as críticas que temos feito são assinadas e, sempre, fundamentadas em estudos e acompanhadas de idéias para as respectivas soluções", salienta Skaf.
Do lado dos trabalhadores, o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, garante que o fantasma existe e não está junto à oposição, mas ao lado de Lula. "A principal força oculta é a sombra dele a cúpula do PT, o pessoal que ele botou no governo", diz. E complementa: "A única coisa oculta na democracia brasileira foi o que levou o governo e seus aliados a essa situação. E quem fez isso não foi a oposição". O líder do PSDB na Câmara, Alberto Goldman, ri muito antes de opinar: "Isso é criação da paranóia de Lula".
Com ele concorda o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE): "Esse governo é um desastre tão grande que se houvesse uma força, oculta ou não, organizada, já lhe teria criado problemas muito maiores". "A crise nasceu e cresceu dentro do governo, não houve nenhum fator exógeno", assevera Busato. Para ele, se houve alguma traição, o presidente tem de apontar nomes: "Quem trai o presidente trai a Nação".
Já d. Irineu Scherer, bispo de Garanhuns, cidade natal de Lula, excetua a Igreja: "Quando o cardeal Scheit, do Rio, disse que Lula era caótico, pareceu uma gafe. Hoje as pessoas já acham que ele falou uma coisa próxima da verdade".
O ex-senador e coronel da reserva do Exército Jarbas Passarinho diz que o "eles" é uma carapuça que não cabe na cabeça das Forças Armadas: "O pessoal da reserva nem gosta muito dele, mas não tem força. Na ativa, a disciplina é muito grande", assinala. E define: "Não há forças, muito menos ocultas, e menos ainda terríveis, como de fato disse Jânio Quadros. Forças ocultas são produto da imaginação de Lula".
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