Tantos foram os acontecimentos vergonhosos envolvendo a Câmara de Curitiba no último ano que uma hora os novos movimentos sociais iriam despertar em tempos de campanha eleitoral. Pelo menos três grupos de cidadãos sem vínculos partidários ou de entidades de classe estão planejando ações de conscientização e debate, com o fim de melhorar a qualidade do voto na eleição de outubro. São eles: o Instituto Atuação Paraná, o Acorda Cidadão e o Renova Curitiba.
Além de serem apartidários, esses movimentos têm em comum o desejo de mudança na qualidade da representação política, o uso de redes sociais como ferramenta para mobilização e a opção por atuar promovendo atividades que contribuam para o desenvolvimento da cidadania. Nesse último ponto, se distinguem dos grupos de mobilização que organizam passeatas. A ideia de fundo que permeia esses movimentos é que há a necessidade de se desenvolver uma cultura de cidadania, o que só é possível por meio do debate e de ações educativas.
Renova Curitiba
O mais recente grupo que começa a emergir é o "Renova Curitiba Por uma Câmara 100% limpa". O coordenador do movimento, Leonardo Garrido, tem 32 anos e trabalha no setor administrativo de uma empresa. Segundo ele, a intenção do grupo é promover debates em escolas e associações de moradores e realizar atividades de controle social do mandato dos atuais vereadores. "Estamos organizando debates nos bairros. O primeiro vai acontecer no Água Verde", afirma ele.
Garrido diz estar descrente com a política partidária. "Não acredito que a mudança vá ocorrer pela via partidária. O que ocorreu na Câmara de Curitiba é de causar indignação. Por isso temos de defender uma ideologia de fiscalização e controle social", explica. Segundo Garrido, o Renova Curitiba está se organizando principalmente nas redes sociais (para encontrar o grupo, basta digitar "Projeto Renova Curitiba", na barra de busca do Facebook).
Instituto Atuação
Numa toada parecida, seguem os outros dois movimentos. Com o objetivo de reduzir a apatia social, entre 14 e 16 de setembro o Instituto Atuação pretende realiza a II Semana da República. Por meio de debates e outras atividades realizadas em praças públicas, a entidade pretende discutir a necessidade de a sociedade desenvolver uma ética republicana, pela qual o interesse individual cede espaço para os interesses da comunidade. "A ideia é reunir a sociedade para discutir os rumos da política local, esclarecer sobre a importância do voto e lembrar a população para que serve vereadores e prefeito", afirma Pedro Veiga, presidente do Instituto Atuação.
Acorda Cidadão!
O movimento Acorda Cidadão! pretende deflagrar até outubro uma série de ações educativas. Uma delas diz respeito a um ciclo de palestras sobre o voto consciente e como os cidadãos podem combater a corrupção. Segundo Regina Rodriguez, uma dos coordenadores do movimento, a intenção é conscientizar as pessoas que a corrupção pode começar dentro de casa. O Acorda Cidadão deve realizar uma palestra no Rotary Club da Cidade Industrial de Curitiba em 20 de agosto, e outras em escolas municipais e na UniBrasil, em datas ainda a confirmar. Regina afirma que o movimento está disposto também a realizar discussões sobre o voto consciente em outros lugares. "Os interessados podem entrar em contato com a gente via Facebook (http://www.facebook.com/Acorda.Cidadao.Oficial)".
Tarefa olímpica
Esses três movimentos são organizados por pequenos grupos de cidadãos. O núcleo de coordenação de cada um deles não passa de duas dezenas. O trabalho para o qual se propuseram é digno de um Hércules que pretende ascender ao Olimpo.
Mas, como o ser mitológico tinha ao seu lado o apoio de deuses, os novos movimentos sociais contam com bons aliados. As redes sociais lhes dão mobilidade e capacidade de agregar novos atores. Há um clima de insatisfação jamais antes visto na história da capital. Some-se a isso o fato de que pela primeira vez se fala em não só eleger um parlamento municipal que represente a sociedade, mas que certamente será cobrado em todo o decorrer da próxima legislatura. O momento é de observar o que irá resultar da atuação desses novos movimentos.
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