O senador Osmar Dias (PDT) ocupou a tribuna do Senado, ontem, para fazer críticas ao processo eleitoral no Paraná e principalmente ao seu adversário no segundo turno, Roberto Requião (PMDB). Segundo ele, o governador reeleito teria usado "artifícios sórdidos e baixos" durante a campanha. Foi o primeiro pronunciamento do senador pedetista, depois de reassumir o mandato nesta semana.
No discurso, Osmar disse que o governador Requião usou de forma escandalosa a máquina pública. "Um escândalo que eu entreguei aos meus advogados para que tomem as providências junto ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral)", afirmou. "Aconteceu de tudo: cabos eleitorais pagos com dinheiro público, cargos comissionados durante o expediente nas ruas de todo o estado. Eu vi, o povo do Paraná viu, todos viram, cargos comissionados nas ruas portando bandeiras, entregando panfletos, muitos até contra a vontade, mas foram obrigados", disse Osmar Dias, na tribuna.
O senador afirmou ainda que houve uma pressão enorme sobre os prefeitos do Paraná. "De 399 prefeitos, 334 apoiaram o candidato à reeleição. Esses prefeitos apoiaram sob uma pressão jamais vista no meu estado."
Em entrevista à Gazeta do Povo, Osmar Dias afirmou que as denúncias que estão sendo entregues ao TRE são de ilegalidades no processo eleitoral, como distribuição de cestas básicas e coação contra professores para participar da campanha. "Se todas as denúncias forem verdadeiras, o que aconteceu no Paraná foi uma eleição absolutamente ilegal", disse.
A denúncia de distribuição de cesta básica, no município de Fazenda Rio Grande, já foi contestada pelos advogados de Roberto Requião. "Demonstramos que não tinha ligação com a campanha, era uma ação social da prefeitura, autorizada e acompanhada pela Justiça no município", afirmou o advogado Guilherme Gonçalves.
Sobre as outras acusações, Gonçalves respondeu que não tem conhecimento.
Pesquisas
Além de criticar Requião, Osmar Dias usou a tribuna para lançar suspeitas sobre os institutos de pesquisa, especialmente o Ibope, que dava um porcentual vantajoso para Requião até a sondagem de boca-de-urna. Nas urnas, a diferença foi de apenas 0,2%. "É estranho, é estranhíssimo que a doutora Márcia (Cavallari), a representante do Ibope em São Paulo, tenha comparecido à residência oficial do governador na semana das eleições por duas vezes. Na minha casa ela não foi nenhuma vez. O que será que ela foi discutir com o governador em plena campanha uma semana antes do segundo turno?", questionou o senador.
Osmar afirmou que vai propor um projeto de lei que obriga os institutos de pesquisa que errarem por uma margem superior à margem de erro a ressarcirem os candidatos. Em resposta à Gazeta do Povo na semana passada, a assessoria do Ibope não confirmou, mas também não negou que a diretora do Ibope tenha visitado Roberto Requião. Respondeu que algumas pesquisas são encomendadas sem fins de divulgação e tem confidencialidade garantida por contrato.
Após o pronunciamento, Osmar Dias disse que não deverá ter uma relação amistosa com o governador reeleito, mas que cumprirá seu papel no Congresso. "Continuo senador até 2010 e vou cumprir compromissos que assumi com o Paraná. Não farei ataque pessoal", afirmou. "Não muda a disposição de ajudar o estado, mas a nossa conversa não será amistosa. Vou cumprir minha responsabilidade e espero que ele (Requião) cumpra a dele". No primeiro mandato de Requião no governo, Osmar Dias e o governador mantinham bom relacionamento e constantes conversas telefônicas sobre assuntos do estado.
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