Um tumulto marcou o início da sessão conjunta das CPIs dos Correios e do Mensalão para ouvir o depoimento do publicitário Cristiano Paz, sócio do empresário Marcos Valério na SMP&B Propaganda. A sessão chegou a ser interrompida por 15 minutos após bate-boca entre os parlamentares. O presidente da CPI do Mensalão, senador Amir Lando (PMDB-RR), que dirigia os trabalhos, ameaçou várias vezes suspender a reunião e pediu civilidade aos parlamentares.

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A confusão ocorreu devido a uma nova lista de saques de contas de Valério em 1998 que o vice-presidente da CPI do Mensalão, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), informou ter recebido dos advogados do empresário na garagem do Congresso na noite anterior. Pimenta negou que tivesse pego carona com os advogados de Valério ao final do depoimento dele na terça-feira. E contou ter recebido a lista, que teria uma relação de beneficiários de saques em 98, mas sem os recibos correspondentes. No depoimento na CPI do Mensalão, Valério apresentou uma lista com 75 nomes de sacadores em 98 com os devidos recibos e se negara a expor a relação complementar dos sacadores porque não haveria comprovação dos saques.

A deputada Zulaiê Cobra Ribeiro (PSDB-SP) protestou contra a atitude do vice-presidente da CPI.

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- Isso é gravíssimo! - exclamou, para argumentar em seguida que um membro da CPI não poderia pegar numa garagem um documento que não tinha sido repassado antes à comissão.

Paulo Pimenta depois apresentou uma segunda versão sobre o recebimento da lista. Depois de ter dito que a recebeu na garagem, contou que ela circulou pela CPI na terça e que vários parlamentares a consultaram. As informações contidas nela, segundo Pimenta, não batiam com as da outra divulgada por Valério. Para esclarecer isso, conforme argumentou, foi que ele acompanhou o empresário e os advogados, após o depoimento. Pimenta relatou que estava acompanhado também do deputado Júlio Redecker (PSDB-RS). A lista, na verdade, já consta de um processo no Supremo Tribunal Federal (STF) e já era de conhecimento dos integrantes da outra CPI, a dos Correios.

O deputado Redecker revelou que saiu da garagem do Congresso antes de Pimenta e que o viu entrar no carro dos advogados de Valério e fechar as portas.

- Se o deputado saiu e foi para outro carro depois, ou se pegou carona, as câmeras (do circuito interno) vão mostrar. Mas a que propósito foi ele (para dentro do carro)? Ele não precisava entrar para pegar uma lista que ele disse que já tinha. Ele se contradisse - acusou Redecker, para acrescentar que há agora suspeição de conluio entre Marcos Valério e "o representante do PT na Mesa".

O comportamento do vice-presidente da CPI do Mensalão foi criticado e questionado por vários parlamentares das duas comissões e isso tumultuou ainda mais a sessão conjunta. O senador Amir Lando teve muita dificuldade para controlar a situação e mostrou-se irritado diversas vezes.

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- Ou a gente retoma a ordem ou encerro a sessão. Estamos demonstrando à nação um espetáculo que deve realmente arrepiar o povo brasileiro - disse.

Lando informou aos parlamentares que solicitou o envio, pela CPI dos Correios, do "inteiro teor" da ação no STF na qual consta a polêmica lista apresentada por Pimenta e da qual seriam réus o presidente nacional do PSDB, senador Eduardo Azeredo; o vice-governador de Minas Gerais, Clésio Andrade; e o empresário Marcos Valério. Sobre a conduta do vice-presidente da comissão, Lando encerrou o assunto informando que a CPI não era o fórum adequado para deliberações.

- Se ele (Pimenta) feriu o decoro (parlamentar), pode ser oferecida representação contra ele (no Conselho de Ética da Câmara). Agora eu não posso decidir sobre isso - concluiu.