Para César Augusto Ramos, professor de Ética e Filosofia Política da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), apesar de não existirem ameaças militares ao Brasil e de o país ser juridicamente independente, do ponto de vista cultural, o Brasil vive uma situação de dependência.

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"Quando falamos em cultura, não quero dizer apenas cinema, museu ou folclore, mas todo um modo de vida, gostos e preferências, e vivemos um cenário onde os países hegemônicos propõem ao mundo uma visão que é a deles", define.

A disposição do Brasil em conquistar uma independência econômica, afirma Ramos, pode colocar em segundo plano aspectos morais e políticos.

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"Um exemplo disso é o próprio Partido dos Trabalhadores, que, no poder, abriu mão de seu próprio projeto econômico e minimizou a autonomia moral e política do partido", completa.

Para consolidar a autonomia de um país, explica o filósofo, é preciso criar sentimentos mais fortes de autonomia cultural e política. "Quando uma nação tem elementos culturais e econômicos para transacionar com outras, surge a igualdade", afirma, citando como exemplo o futebol, em que o Brasil tem uma identidade e uma força capaz de afirmar valores e estabelecer uma troca com outros países.

"O Brasil também chegou a este nível em certas áreas na ciência e na política, o que mostra que, sabendo trabalhar, o país tem força", completa. "Para conquistar sua independência o Brasil precisa criar um estilo de vida, formas que sejam nossas e ao mesmo tempo tenham valores universais e importância no mínimo regional", recomenda Ramos. "O mundo hoje vive uma situação de interdependência, então o isolacionismo não é uma saída, mas abrir mão da autonomia também não serve", afirma o filósofo, defendendo uma mudança na ordem educacional, que deve se tornar menos elitista.