Picciani, líder do PMDB: principal partido aliado tem agenda totalmente oposta à do Planalto.| Foto: Gustavo Lima/Câmara dos Deputados

Um dia após ter pressionado a presidente Dilma Rousseff a demitir o ministro Cid Gomes (Educação), o PMDB deu nesta quinta-feira (19) mais uma demonstração de força em relação ao Planalto. O líder do partido na Câmara, o deputado Leonardo Picciani (RJ), disse que o pacote anticorrupção apresentado na quarta-feira (18) por Dilma não será a prioridade da bancada, que é a maior da Casa.

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Presidente nega que vá fazer ampla reforma ministerial

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A presidente Dilma Rousseff negou nesta quinta-feira (19) que vá fazer uma reforma ministerial e afirmou que não usará um critério partidário para nomear o substituto de Cid Gomes na Educação. “Vocês [jornalistas] estão criando uma reforma que não existe. São alterações pontuais. Estou fazendo uma alteração pontual no Ministério da Educação. Não tenho perspectiva de alterar nada nem ninguém, mas as circunstâncias às vezes obrigam você a alterar, como foi o caso da Educação. Não tem reforma ministerial”, disse, após evento em que editou medida provisória que detalha as condições de renegociação de dívidas de clubes de futebol. Segundo Dilma, o MEC não será “dado”. “O MEC não é dado para ninguém. Vou escolher uma pessoa boa para educação, não a pessoa desse, daquele ou de outro partido.” De acordo com ela, o nome será escolhido “o mais rápido possível”. A presidente também afirmou que “reforma ministerial não resolve os problemas” pelas quais o governo passa.

Os peemedebistas, por outro lado, definiram como prioritária a votação de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que reduz de 39 para 25 o número de ministérios. É uma agenda contrária aos interesses de Dilma, que para garantir o apoio da base aliada precisa distribuir cargos. O enxugamento da máquina administrativa, por outro lado, tem sido um dos principais discursos da oposição para desgastar a presidente.

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“É um exagero ter 39 ministérios. Cortar seria uma demonstração clara e inequívoca do compromisso do governo [com o corte de gastos]”, afirmou Picciani.

O líder do PMDB também questionou o envio às pressas pela presidente do pacote anticorrupção. Segundo ele, o assunto deveria ter sido discutido “previamente” com os partidos da coalizão governista, da qual o PMDB faz parte, antes de ser enviado ao Congresso. “Podia chegar um texto mais redondo. Como isso não foi feito, essa discussão se dará a partir de agora. Isso requer tempo e paciência.”

Picciani argumenta que já existem leis que punem a corrupção e não se arrisca a prever um prazo para que sejam votadas as medidas enviadas pelo Palácio do Planalto como resposta às manifestações do domingo passado.

“A vida não para a fim de que se investigue a corrupção. Ela tem de ser investigada no dia a dia. Acho que nós já temos leis anticorrupção no país, tanto é que já temos pessoas sendo punidas, respondendo a processo e presas por corrupção”, disse o peemedebista, que participou na manhã desta quinta-feira (19) de uma reunião com os deputados da sigla para acertar as prioridades do partido.