Eliseu Padilha ao lado de Temer: declarações de amigo de Temer complicaram chefe da Casa Civil| Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Na volta da semana de carnaval, o presidente Michel Temer (PMDB) terá de resolver mais um problema envolvendo o seu ministério: a manutenção ou não do chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, no cargo. Padilha se licenciou no fim da semana passada para uma cirurgia na próstata e deverá voltar ao cargo no dia 6 de março. O retorno, no entanto, é incerto e vai depender dos desdobramentos das declarações de José Yunes, amigo e ex-assessor de Temer, de que recebeu um pacote a pedido de Padilha. A suspeita é de que o pacote seria de dinheiro para uso em campanha eleitoral do PMDB.

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Entenda o caso que preocupa o Planalto neste carnaval e pode derrubar o chefe da Casa Civil de Temer:

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Mula

Amigo e ex-assessor especial do presidente Michel Temer, José Yunes disse que atuou como “mula involuntária” de Eliseu Padilha ao receber um pacote do doleiro Lúcio Funaro – apontado como operador do PMDB e de Eduardo Cunha. Em depoimento espontâneo ao Ministério Público Federal, Yunes disse que, em 2014, recebeu um pedido de Padilha para que recebesse documentos em seu escritório. Ele contou que foi surpreendido com a chegada de Funaro trazendo um “pacote”. A encomenda, segundo ele, foi deixada no escritorio em setembro de 2014 – pouco antes da eleição presidencial na qual a chapa Dilma -Temer foi reeleita – e depois uma pessoa desconhecida passou no local para buscar o pacote, que seria levado a Padilha.

Dinheiro da Odebrecht

A suspeita é de que no suposto pacote houvesse dinheiro da Odebrecht para irrigar caixa 2 do PMDB na campanha de 2014.Temer teria pedido pessoalmente dinheiro a Marcelo Odebrecht para o partido, segundo confirmado pelo ex-presidente a empreiteira. Dos R$ 10 milhões, R$ 6 milhões teriam ido para a campanha de Paulo Skaf e R$ 4 milhões para o ministro Eliseu Padilha distribuir. Em delação premiada, o engenheiro da Odebrecht Cláudio Melo disse que Yunes recebeu em seu escritório parte desse dinheiro. Segundo ele, R$ 1 milhão foi entregue a Yunes para ser repassado para campanhas peemedebistas. O ex-assessor de Temer disse que resolveu falar justamente para rebater essa versão de Cláudio Melo e reforçar que não foi emissário do esquema, mas apenas serviu de “mula”.

Temer sabia?

Em seu depoimento, Yunes ainda contou que não buscou esclarecer o caso com Funaro ou com Eliseu Padilha. Mas que revelou o episódio ao presidente Michel Temer ainda em 2014. Segundo Yunes, o presidente reagiu com “aquela serenidade de sempre”.

Investigação

Após a história vir à tona, a Procuradoria-Geral da República divulgou que quer investigar Eliseu Padilha. Se passar a condição de denunciado, ele poderá ser afastado temporariamente do governo – considerando o que o presidente Michel Temer declarou em pronunciamento em fevereiro.

Acareação

Funaro disse à imprensa que vai processar Yunes por calúnia e pedir uma acareação entre o ex-assessor da Presidência, Padilha e Melo Filho para negar as declarações. Em resposta, José Yunes disse que aceita fazer uma acareação com quem quer que seja para esclarecer o episódio do recebimento de um envelope endereçado ao ministro licenciado da Cara Civil, Eliseu Padilha. “Aceito acareação com quem quer que seja ratificando todos os dizeres do meu depoimento”, disse Yunes nesta segunda-feira (27).

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Afastamento

De licença médica desde a semana passada, o ministro Eliseu Padilha passará por uma intervenção cirúrgica de próstata na tarde desta segunda-feira (27) e deverá retornar ao trabalho no dia 6 de março.

Estragos

O episódio envolvendo Eliseu Padilha é mais um golpe no núcleo duro do governo Temer. O presidente vem perdendo seus principais colaboradores - a chamada “cozinha” do Planalto - devido principalmente às investigações da Lava Jato. Os estragos na condução política podem comprometer o momento de respiro na economia. O próprio anúncio da liberação de recursos de contas inativas do FGTS – que tinha causado boa reação na população – e a nova queda da taxa de juros viraram notícias de menor importância.