Belém (AG) – O maranhense José Amaro Lopes costuma andar desde fevereiro com um pequeno recipiente de vidro com um punhado de terra dentro. Segundo ele, não é terra comum: está manchada com o sangue da missionária Dorothy Stang e foi colhida no dia da morte da freira. A terra manchada de sangue lembra a Amaro a razão de sua presença no município de Anapu, no Pará: defender a igualdade na luta pela posse da terra. Amaro é padre há oito anos e é uma das 48 pessoas marcadas para morrer no Pará, segundo o relatório "Violação dos direitos humanos na Amazônia: conflito e violência na fronteira paraense", lançado pela Comissão Pastoral da Terra, Justiça Global e Terra de Direitos.

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A lista tem 48 nomes que as autoridades esperam que não tenham o mesmo fim que outras 73 pessoas tiveram nos últimos 11 anos no Pará, todas assassinadas por causa do conflito de terras. Padre Amaro conviveu 15 anos com a missionária norte-americana. "A liberdade da gente vai sendo perdida. Não posso mais ir a certos lugares em determinadas horas. Tenho sempre que ter alguém comigo", diz o padre. Mesmo vivendo sob constantes ameaças, padre Amaro não aceitou segurança ostensiva. O que ele exige é segurança nas investigações. As ameaças começaram assim que padre Amaro começou a se envolver com a luta dos trabalhadores rurais. Após a morte de Dorothy, o padre passou a receber ligações. "Mas tudo isso me deu mais ânimo para continuar resistindo, continuar lutando", conclui o padre.

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