O relator-adjunto da CPI dos Correios, deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), considera que a descoberta de que o Banco Central já sabia da existência e monitorava desde 2003 um empréstimo de R$ 12 milhões concedido pelo BMG à SMP&B é um elemento a mais que prova que o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares não agia sozinho. Para Paes, isso não só reforça a tese levantada na semana passada pelo ex-superintendente do Banco Rural Carlos Roberto Godinho, de que pode ter havido falha ou negligência na fiscalização e que o esquema montado por Marcos Valério para repassar recursos para o PT e seus aliados poderia ter sido descoberto antes.

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- Se a fiscalização do Banco Central tivesse funcionado, esse esquema não teria navegado em mares tão tranqüilos por tão longo período. Isso é grave e pode mostrar cobertura governamental a esse esquema - afirmou o deputado Eduardo Paes.

Preocupado em não antecipar qualquer juízo de valor sobre o assunto, o relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), anunciou que agendou com o diretor de Liquidações e Desestatização do Banco Central, Antônio Gustavo do Vale, uma reunião para esta terça-feira. A princípio, o único assunto na pauta seriam as suspeitas de que o BC teria sido negligente na fiscalização do Banco Rural. Agora, Serraglio também pretende pedir informações sobre as inspeções feitas no BMG.

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- Já temos agendada uma reunião com representantes do Banco Central esta semana. O que não exclui, se necessário, a possibilidade de eles serem ouvidos no plenário da CPI - advertiu Serraglio.

RECLASSIFICAÇÃO PERDIDA

No dia 23 de junho de 2003, o Departamento de Supervisão Direta do BC em Belo Horizonte já determinava a reclassificação de risco do empréstimo de A para C - numa escala em que A é o de menor risco e H o maior-, assim como o aumento do provisionamento da dívida de R$ 50.228,64 para R$ 351.358,64. "Os ajustes gerenciais são considerados pelo Banco Central como motivo de alerta e acompanhamento, uma vez que podem vir a se constituir em perda efetiva para o conglomerado (BMG)", diz relatório do BC.

No dia 8 de julho deste ano, depois de o escândalo se tornar público, o BC notificou o BMG sobre o resultado de uma inspeção realizada em maio. No comunicado, o empréstimo contraído pelo PT em fevereiro de 2003, no valor de R$ 2,4 milhões, também foi apontado como de alto risco, já que apresentava como garantia apenas o aval de representantes do partido.

A assessoria do BC rebateu as insinuações de negligência sobre a fiscalização do BMG e do Rural. O BC sustenta que atua com rigor e dentro da lei. O BC evitou comentar o conteúdo dos relatórios, alegando que são informações protegidas por sigilo bancário. O BC lembrou que vem auxiliando o trabalho da CPI com documentos e a cessão de técnicos.

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