O governo Dilma Rousseff vai argumentar que os pagamentos recebidos pelo marqueteiro João Santana no exterior “não têm nenhuma relação” com a campanha para a reeleição da presidente, em 2014.
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Em conversas com ministros na manhã desta segunda-feira (22), pouco depois de Santana ter sua prisão temporária decretada, Dilma afirmou que estava “tranquila”. “Não tem nada a ver com minha campanha”, declarou a presidente.
Auxiliares de Dilma discutem a divulgação de uma nota ainda nesta segunda, que deve ser assinada pela assessoria jurídica da campanha, em que constará um trecho do relatório da Polícia Federal, divulgado nos autos da Operação Lava Jato .
Assinado pelo delegado da PF Filipe Hille Pace, o texto diz que os pagamentos do PT para Santana, entre 2006 e 2014, contabilizaram R$ 171,5 milhões e que “não há indícios, e isso deve ser ressaltado, que tais pagamentos estejam revestidos de ilegalidade”.
É nesse trecho que integrantes do governo vão se basear para defender a campanha da presidente e evitar que o Palácio do Planalto seja mais uma vez tragado ao centro das investigações.
No entanto, no mesmo relatório, o delegado escreve que “há forte probabilidade” de que os pagamentos de “recursos espúrios da corrupção” na Petrobras, feitos ao marqueteiro e à sua mulher, Mônica Moura, possuem “vinculação direta aos serviços por eles desempenhados em favor do Partido dos Trabalhadores”.
Segundo a reportagem apurou, a ordem no Planalto é isentar a campanha de Dilma, mas não entrar no mérito das doações que foram feitas ao PT.
Em 2014, Dilma pediu que a tesouraria de sua campanha, comandada pelo hoje ministro Edinho Silva (Comunicação Social), fosse desvinculada da Secretaria de Finanças do PT, que tinha à frente o então tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, preso desde o ano passado.
Oficialmente, Santana recebeu R$ 88,9 milhões da campanha de Dilma e o valor foi registrado na Justiça Eleitoral.
O comando do PT, por sua vez, diz que as finanças da legenda são legais e declaradas à Justiça, nas palavras do presidente nacional do partido, Rui Falcão.
Outro argumento dos petistas e também do entorno da presidente é que Santana fez campanhas em diversos países nos últimos anos -Angola, República Dominicana, Panamá e Venezuela-, muitos deles nos quais a Odebrecht tem interesse.
Dessa forma, afirmam, os pagamentos não necessariamente estariam relacionados às campanhas no Brasil.
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