| Foto: Henry Milleo/Gazeta

O marqueteiro João Santana disse ao juiz Sergio Moro nesta quinta-feira (21) que recebia dinheiro de caixa dois por “circunstâncias do mercado” e pediu “proporcionalidade” na análise de seu processo na Justiça.

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Santana disse que “98% das campanhas eleitorais” do país trabalham com caixa dois e que adotou uma conduta “pragmática”. Reclamou de ser tratado como um criminoso “perigoso” e que ele e a mulher, Mônica Moura, são os únicos presos por caixa dois.

Disse que o caixa dois já remunerou “milhões” de pessoas pelo país e é fruto de um sistema corrompido.

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“Se tivesse o mesmo rigor [na Justiça] que está havendo comigo, haveria uma fila que iria de Brasília a Manaus, poderia ser fotografada de satélite.”

Ao longo de cerca de uma hora de depoimento, disse em diversas ocasiões que o recebimento de dinheiro dessa forma é uma “cultura” recorrente na política não só no Brasil. Ele foi o responsável pelo marketing de três campanhas presidenciais do PT, de 2006 a 2014, e está preso na Operação Lava Jato desde fevereiro.

Como disse não ter os detalhes sobre a negociação para o recebimento de dinheiro, seu depoimento se concentrou em detalhes da dinâmica das campanhas eleitorais e em uma espécie de explicação sobre a dinâmica da remuneração nas campanhas.

O marqueteiro disse que se sentia incomodado por receber dinheiro dessa maneira, mas sustentou que não há como permanecer na profissão de outra forma.

Moro chegou a repreendê-lo em diversos momentos. Perguntou se a prática não configura uma trapaça e disse que a prática acaba criando um ambiente em que empresários, políticos e agentes públicos aceitam atos ilegais como a regra do jogo.

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“Convenhamos, não dá para ser meio legal, meio lícito. ‘Eu faço meio licitamente meus trabalhos’“, disse o juiz.

Santana também disse que jamais pensou que seria preso e falou sobre sua relação com o PT. Disse que simpatizava com as propostas do partido, embora fosse visto como um “corpo estranho” dentro da estrutura partidária e sofresse muitas críticas.

Disse ainda que sua figura era superestimada na política nacional. “Se agigantou muito o grau de influência. Virei uma lenda para o bem e para o mal.”