Segundo Pagot, ajuda foi pedida pelo tesoureiro da campanha| Foto: Geraldo Magela / Agência Senado

Ministra

Ex-diretor diz que Ideli Salvatti pediu indicação de possíveis doadores

Folhapress

Em seu depoimento à CPI do Cachoeira, ontem, o ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura Rodoviária (Dnit) Luiz Antonio Pagot disse que a ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Ideli Salvatti, pediu sua intermediação para indicar empresas que poderiam fazer doações para a campanha de Dilma Rousseff à Presidência.

Em nota oficial, a ministra disse que "jamais recorreu" ao então diretor do Dnit para "solicitar recursos para campanhas ou mesmo indicações de empresas para esse fim". "A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Ideli Salvatti, jamais recorreu ao Sr. Luiz Antonio Pagot para solicitar recursos para campanhas ou mesmo indicações de empresas para esse fim", diz a nota.

Segundo a assessoria da ministra, Ideli Salvatti esteve diversas vezes em reuniões no Dnit, quando Pagot ocupava o posto de diretor-geral, para reuniões sobre o andamento de obras em Santa Catarina. Segundo a assessoria, Ideli participou de encontros na condição de senadora e coordenadora da bancada catarinense.

Pagot disse ainda que foi chamado pelo ex-presidente Lula para integrar o governo federal, em 2007, para ser um "tocador de obras". Demonstrando mágoa, o ex-diretor do Dnit afirmou que deixou o órgão, em julho de 2011, em meio à "faxina" promovida pela presidente Dilma Rousseff no Ministério dos Transportes, "sem qualquer possibilidade de defesa".

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"Procurei [as empresas] e não estava praticando nenhuma irregularidade. Não associei a nenhum ato administrativo no Dnit e não estabeleci percentuais."

Luiz Antonio Pagot, ex-diretor do Dnit, sobre as conversas que teria tido com representantes de empresas para pedir doações à campanha de Dilma em 2010.

O ex-diretor do De­­par­­­tamento Nacional de In­­­fraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antonio Pagot confirmou ontem, em depoimento à CPI do Cachoeira, que procurou empresas com contratos com o órgão para que elas fizessem doações para a campanha de Dilma Rousseff à Presidência, em 2010. Ele já tinha falado sobre o assunto antes da aprovação de sua convocação para a CPI, em um entrevista.

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Segundo Pagot, a ajuda foi pedida pelo tesoureiro da campanha de Dilma, o deputado federal José de Filippi (PT-SP). Diante de uma lista de 369 empresas que tinham contrato com o órgão, Filippi teria dito que as maiores já estavam sendo contatadas. Se quisesse, poderia pedir para 30 ou 40 empresas. "Procurei [as empresas] e não estava praticando nenhuma irregularidade. Não associei a nenhum ato administrativo no Dnit e não estabeleci percentuais", afirmou. "Algumas empresas encaminharam um boleto demonstrando que tinham feito a doação, legalmente, na conta de campanha. Não passaram de meia dúzia."

Pagot também comentou a suspeita de desvio de parte dos recursos da obra do Rodoanel, em São Paulo, para a campanha de tucanos e aliados, Segundo ele, o governo de São Paulo investiria R$ 2,4 bilhões e o governo federal R$ 1,2 bilhão, mas a Dersa, órgão do governo de São Paulo, reivindicou um aditivo de R$ 260 milhões. O ex-diretor disse que não houve termo aditivo.

De acordo com Pagot, passado o episódio, um amigo o alertou, em um restaurante em Brasília, que o aditivo tinha finalidade de contribuir para as campanhas de José Serra, Geraldo Alckmin e Gilberto Kassab. O ex-diretor do Dnit disse que foi mal interpretado quando relatou essa versão em entrevista à revista Istoé. "Isto é uma conversa de bêbado, de botequim, que não pode se provar".

Demóstenes

O ex-diretor do Dnit disse ainda que participou de um jantar no apartamento do ex-senador Demóstenes Torres em Brasília com a participação do dono da empreiteira Delta, Fernando Cavendish. Cavendish tem depoimento marcado para hoje na CPI do Cachoeira.

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Pagot afirmou que o jantar ocorreu em fevereiro de 2011. A Delta tinha contratos com o Dnit para obras rodoviárias. "[Demóstenes] me disse o seguinte: eu tenho dívidas com a Delta, ela tem me apoiado nas campanhas, e eu preciso ter alguma obra com o meu carimbo", afirmou Pagot.

Segundo Pagot, essas obras seriam em duas rodovias federais em Mato Grosso. Pagot afirmou que negou o pedido do então senador. "Respondi que lamentava, , que não tinha possibilidade nenhuma de o diretor geral do Dnit ir para o mercado e dizer: ‘Olha, reservem uma obra para a Delta’."