O ex-diretor geral do Dnit Luiz Antonio Pagot confirmou nesta segunda-feira (17), em depoimento à CPI do Cachoeira, ter procurado dezenas de empresas com contratos com o órgão para que elas fizessem doações para a campanha da presidente Dilma Rousseff, em 2010. Ele afirma que as abordagens, e as doações que se efetivaram por parte dessas empresas, foram legais. De acordo com Pagot, as contribuições não tinham relação com eventuais atos administrativos do Dnit, órgão comandado por ele.

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Pagot já tinha trazido o assunto à tona em entrevista realizada antes da aprovação de sua convocação para CPI, mas agora apresentou mais detalhes. O ex-diretor do Dnit relatou aos parlamentares ter sido procurado em 2010 pelo então tesoureiro da campanha de Dilma, José de Filippi Júnior. Ele afirma ter mostrado a Filippi uma lista de 369 empresas que tinham contrato em vigor com o Dnit à época.

O tesoureiro então, segundo Pagot, pediu para que ele procurasse "30 ou 40" empresas com contratos no Dnit para que contribuíssem com a campanha de Dilma. Segundo o ex-diretor, o pedido do tesoureiro não envolvia uma conotação de achaque às empresas. "Ele disse: não se preocupe com as maiores, que isso é assunto do comando da campanha, mas se você puder procurar umas 30, 40, peça para fazer doação na conta de campanha", relatou Pagot.

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"Procurei [as empresas], e não estava praticando nenhuma irregularidade, não associei a nenhum ato administrativo no Dnit, e não estabeleci percentuais. Algumas empresas encaminharam para mim um boleto demonstrando que tinham feito a doação, legalmente, na conta de campanha. Não passaram de meia dúzia."

PSDB

Pagot também relatou os contatos que manteve com Paulo Vieira de Souza, ex-diretor da estatal rodoviária do governo de São Paulo, a Dersa. Conforme relatou, Paulo Preto, como é conhecido, forçou a mudança na forma de contratação de empreiteiras, num convênio de R$ 3,6 bilhões firmado em 2009 com o governo federal, no qual a União participou com R$ 1,2 bilhão. O convênio envolvia as obras do contorno sul do Rodoanel.

Pagot disse ter estranhado a insistência de Paulo Preto e afirmou ter se posicionado contrariamente à forma de contratação defendida pela Dersa. Segundo ele, em compromisso assumido junto ao TCU, Paulo Preto afirmou que o valor da obra não passaria dos R$ 3,6 bilhões previstos.

Posteriormente, contudo, a Dersa apresentou ao Dnit um pedido de aditivo contratual, no valor de cerca de R$ 270 milhões. Pagot afirma que, com o apoio da Advocacia-Geral da União, se isentou de assinar o aditivo e um termo de ajustamento de conduta proposto pelo governo paulista.

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"Essa reivindicação, eu de pronto me posicionei contrário, já que tínhamos assinado contrato de empreitada global, que nós tínhamos conversado com o TCU. Isso se representava uma temeridade, fazer qualquer aditivo em cima desse contrato", disse Pagot.

O ex-diretor do Dnit disse que foi mal interpretado quando afirmou, em entrevista à revista "Istoé", que o termo aditivo tinha o objetivo de bancar um caixa dois eleitoral para as campanhas dos tucanos José Serra e Geraldo Alckmin, e do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD). Segundo ele, um conhecido lhe contou isso numa conversa de bar."Isto é uma conversa de bêbado, de botequim, que não pode se provar", afirmou.