O diretor-geral afastado do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot, ameaçado de ser definitivamente demitido após o escândalo de corrupção nos Transportes, estaria mandando "recados" ao governo federal. E estaria dizendo a quem quiser ouvir que tudo o que fez no comando do órgão foi realizado conforme as "instruções recebidas" de superiores o que incluiria petistas. O objetivo dos "recados" seria alertar o governo de que ele poderá revelar o que sabe nos depoimentos que deve dar na terça-feira no Senado e na quarta-feira na Câmara dos Deputados.
"Sou da velha escola: manda quem pode e obedece quem tem juízo. Tudo que foi feito no Dnit foi dentro da legalidade e de acordo com as instruções recebidas", disse Pagot em entrevista publicada ontem pelo jornal O Globo.
Já o jornal Folha de S.Paulo, em reportagem também da sexta-feira, informou que lideranças do Partido da República afirmam que o PT manda tanto no Dnit quanto o PR. E que o diretor de infraestrutura do órgão, o petista Hilderaldo Caron, é tão responsável quanto Pagot pelas decisões do Dnit.
A Folha informou também que os "recados" do diretor afastado teriam como um dos destinatários o ministro das Comunicações, o paranaense Paulo Bernardo (PT), que até o ano passado era ministro do Planejamento. Pela pasta que era ocupado por Bernardo passam todas as obras federais, para que haja previsão orçamentária de sua execução.
Segundo senadores do PR que estiveram com Pagot, numas das reuniões dos últimos dias, ele teria desabafado que aditivos contratuais em obras rodoviárias foram solicitados por Bernardo. Lideranças do PR ainda acusaram a atual ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, esposa de Paulo Bernardo, de ser responsável por acompanhar a execução das obras de estradas no Paraná. Gleisi, até o ano passado, quando seu marido estava no Planejamento, não tinha nenhum cargo eletivo nem no governo. Portanto, em tese, não teria atribuição nenhuma sobre obras federais no estado.
Paulo Bernardo informou, em nota, que o ministério que ocupou não tem ingerência nenhuma na execução de obras, embora os projetos passem sim pela pasta para serem incluídas no orçamento. Já Pagot negou que tenha feito essa afirmação e disse que "achou um absurdo" que senadores do partido tenham divulgado a versão.
Apesar disso, para o Planalto, ao envolver ministros petistas, Pagot estaria fazendo uma espécie de ameaça velada. A maior preocupação é que ele saia do governo atirando, o que poderia dar munição suficiente para a instação da CPI do Dnit.
"O Pagot está muito ferido. Ele chegou a falar que sua família ficou muito abalada com o episódio. Por isso, nesse momento, a reação dele é imprevisível", disse um senador do PR.
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