Um painel em cores fortes e imagens chocantes com várias modalidades de tortura praticadas durante o governo militar (1964/1985) poderá ser visto a partir de agora pelos deputados na volta ao trabalho e por todos os que visitarem a Câmara. O óleo sobre acrílico tem 5,5 metros de comprimento por 1,6 metro de largura. Foi instalado na entrada do corredor que dá acesso ao plenário, num local que recebeu o nome de Espaço Rubens Paiva - o deputado que foi sequestrado e morto pela ditadura em 1971.
A obra é do artista plástico e editor Elifas Andreato. Recebeu o nome de "A verdade ainda que tardia", numa referência direta à inscrição da bandeira de Minas Gerais - "Liberdade ainda que tardia ("Libertas Quæ Sera Tamen", retirada pelos inconfidentes da primeira écloga do poeta romano Virgílio). Foi doada no final do ano passado ao acervo permanente da Câmara. Andreato a fez para a exposição "Parlamento mutilado: deputados federais casados pela ditadura de 1964", que homenageou os 173 deputados que tiveram o mandado cassado durante o governo militar.
De acordo com informação de Elifas Andreato, o painel levou três meses e meio para ser concluído num trabalho de cerca de 15 horas por dia. Entre as cenas mais fortes mostradas pelo painel estão uma mulher pendurado no "pau-de-arara", mulheres sangrando pela vagina, uma pessoa afogada num balde, um homem sofrendo choques elétricos no pênis, enquanto um torturador aperta parafusos numa espécie de "coroa de Cristo" colocada em sua cabeça. Vários torturadores estão nus. Têm uma arma no lugar do sexo.
Há ainda reprodução de fotos da presidente Dilma Rousseff no tempo em que foi presa e torturada, Rubens Paiva, Carlos Lamarca Carlos Marighella e outras pessoas torturadas ou mortas durante o regime militar. Na parte mais à direita do painel há uma homenagem ao movimento "Tortura nunca mais", que catalogou os nomes dos mortos, torturados e torturadores.
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