Fez um mês na sexta-feira que o adolescente Maicon Carlos Silva Santos, de 14 anos, desapareceu. Seu nome é mais um a engrossar a lista de pessoas que sumiram durante a semana do terror, entre os dias 12 a 19, quando o crime organizado promoveu uma série de atentados contra alvos civis e policiais em todo o estado.
Na madrugada do dia 16 de maio, por volta das 2h, Maicon foi visto pela última vez por frentistas de um posto de combustível na Avenida Engenheiro Caetano Álvares, na zona norte da capital. Segundo as testemunhas, na ocasião, ele entrava em uma viatura da Força Tática da PM.
- Quero meu filho de volta. Nem que seja o corpo dele. Mas nem isso me dão - diz em prantos a mãe do garoto, a diarista Maria Laura de Jesus Silva, que cuida sozinha de quatro filhos.
- Não agüento mais todo esse sofrimento. Preciso achar o Maicon - suplica ela.
Segundo Maria, Maicon saiu de casa escondido enquanto ela servia o jantar para os irmãos dele.
- Eu cheguei do serviço e fui para a cozinha. Quando voltei para a sala, ele não estava mais - afirma.
Ela procurou pelo rapaz na vizinhança.
- Saí perguntando pelas ruas. Foi quando os frentistas de um posto perto de casa contaram ter visto policiais militares colocando o Maicon dentro de uma viatura - conta a diarista.
Desde então, ela percorreu postos do Instituto Médico Legal (IML), delegacias, hospitais, Febem, cemitérios e apelou a entidades de direitos humanos, em busca de alguma notícia sobre o filho.
- Registrei o desaparecimento no 13º Distrito Policial (Casa Verde) e já fui até na corregedoria da PM, mas ninguém fez nada até agora - diz ela.
Maicon cumpria medida socioeducativa em liberdade assistida por ter cometido ato infracional, suspeito de tráfico. Ficou 23 dias internado na Febem e, até desaparecer, era acompanhado por orientadores em casa.
Já o aposentado Francisco Gomes, de 60 anos, procura insistentemente pelo filho, o ambulante Paulo Alexandre Gomes, de 23 anos, desde o dia 18 do mês passado, quando ele desapareceu perto da casa em que mora, na Vila Santa Terezinha, na zona leste da capital, por volta das 22h30m.
- Já o procurei em todos os lugares. Se ele morreu, temos o direito de saber que morreu. E se está vivo também. Preciso de alguma notícia para dar conforto para a minha esposa e para mim também - diz ele.
- Já vi cadáveres em decomposição nos IMLs, álbuns de fotos de pessoas enterradas como indigente, sem sucesso algum - lamenta o aposentado.
Faltavam 20 dias para o ambulante terminar de cumprir liberdade condicional por roubo. Na noite do dia 18, um amigo de Paulo o deixou de moto no final da rua em que ele mora, próximo à favela da Vila Progresso.
- Nesse dia, a Rota passou a noite inteira lá. Ou mataram ele, ou enterraram em algum lugar - diz o aposentado.
Na região há uma pedreira desativada com um lago já usado como local de desova de cadáveres. Ele teme que tenham jogado o corpo de seu filho ali.
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