Um acordo entre a oposição e a base aliada permitiu que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, compareça à CPI dos Bingos como convidado. No caso de convocação, como queria a oposição, Palocci seria obrigado a comparecer, enquanto o convite permite que ele falte. Porém, como houve acordo, o ministro deve comparecer no dia a ser marcado.
Para fechar o acordo, os governistas aceitaram a exigência da oposição de que Palocci assine um termo pelo qual suas respostas na CPI serão consideradas provas nas investigações. Esse acordo só foi possível porque a oposição percebeu que poderia perder se pusesse a convocação em votação. O governo comemorou o acordo como uma vitória, já que uma convocação poderia ter repercussões negativas.
O governo e o próprio Palocci se empenharam como puderam para impedir a convocação. O próprio ministro, segundo o senador petista Tião Viana (AC), telefonou para senadores da oposição argumentando que não havia necessidade de aprovar a convocação, porque ele está à disposição da CPI e iria como convidado. Com receio de arcar com o ônus de provocar sobressaltos na economia, parlamentares do PFL e do PSDB já admitiam no domingo à noite recuar na idéia da convocação.
- O ministro telefonou e nós estamos buscando o diálogo com a oposição - disse Viana, ao confirmar que Palocci ligou, entre outros, para o tucano Arthur Virgílio e para o presidente da CPI, Efraim Morais (PFL). - Seria um ato de elegância e respeito a uma autoridade monetária. Se todos os outros ministros vieram por convite, por que criar este constrangimento para Palocci? Ele tem de ter a presunção da inocência - completou o petista.
O ministro ganhou o apoio explícito do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que o defendeu na queda de braço com a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff:
- A política econômica é defensável, produziu resultados e quem acha que já deu o que tinha dar está redondamente enganado. A gastança não é a melhor saída.
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