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Brasília (Folhapress) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou a edição de ontem de seu programa quinzenal de rádio para dar sua primeira declaração pública sobre a entrevista de Antônio Palocci (Fazenda). Lula disse ter ficado "satisfeito" com a entrevista, que o ministro demonstrou a "segurança de uma pessoa inocente" e deu "a resposta que o Brasil precisava ouvir".

Em diferentes momentos do programa "Café com o Presidente", Lula sinalizou sua preocupação com a reação do mercado financeiro para a resposta de Palocci às acusações de que recebia propina de empresa de lixo enquanto prefeito de Ribeirão Preto (2001 e 2002). Além disso, afirmou que tem sido tratado com um "carinho excepcional" nas seguidas viagens pelos estados, mas reconheceu que o país atravessa uma "crise prolongada".

"Primeiro, eu fiquei satisfeito com a declaração do Palocci. Eu acho que a resposta do Palocci mostrou, primeiro, a segurança de uma pessoa inocente. Segundo, mostrou a segurança de um homem que sabe que não vai permitir, em hipótese alguma, que a economia brasileira sofra qualquer abalo, e eu acho que o Palocci deu a resposta que o Brasil precisava ouvir. Acho que ele mostrou a tranqüilidade de um homem que sabe o quer e, portanto, nós vamos tocar o barco", declarou o presidente.

A edição do programa quinzenal foi gravada na noite de domingo, na Granja do Torto, em meio à reunião extraordinária para discutir a crise com o vice-presidente, José Alencar, Palocci, Dilma Rousseff (Casa Civil), Ciro Gomes (Integração Nacional), Jaques Wagner (Relações Institucionais) e Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência). O uso do programa para tratar da crise foi uma sinalização de que pode seguir a linha de Palocci e aproveitar o momento para um novo pronunciamento público sobre a crise política.

Ontem Lula voltou a pedir paciência à população diante da turbulência política, na linha de que Executivo, Legislativo e Judiciário estão trabalhando para "facilitar" as investigações. "Todas as denúncias que acontecerem e tudo o que tiver, o Ministério Público, a Polícia Federal, o governo vão facilitar as apurações até porque essa crise é uma crise prolongada. A CPI está prevista para terminar no dia 15 de outubro. Depois, o processo vai para o Ministério Público, vai para o Poder Judiciário. Então, nós temos apenas que ter paciência e saber que o Brasil tem que ser tocado dia-a-dia."

E, a seguir, por seguidas vezes deu recados ao mercado, afirmando que o Palácio do Planalto vai trabalhar com "tranqüilidade" e "serenidade" para evitar o contágio da economia por conta da turbulência política e as denúncias contra diferentes esferas e integrantes do governo federal. "Estamos tratando a economia brasileira, pensando num futuro promissor para o Brasil para os próximos 10 ou 15 anos".

Lula disse que não adotará medidas populistas apenas porque o país atravessa uma crise – e deu os exemplos do salário mínimo e dos juros. Segundo o presidente, "o país não comportaria" um salário mínimo de R$ 384 (valor aprovado pelo Senado e derrubado na Câmara). Sobre a política de juros, disse não se tratar de uma atribuição do presidente. "É tarefa do Banco Central."

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