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Alvaro e Requião: juntos na Comissão de Educação. | Geraldo Magela/Ag. Senado
Alvaro e Requião: juntos na Comissão de Educação.| Foto: Geraldo Magela/Ag. Senado

Enquanto PT e PMDB tentavam pôr panos quentes na crise entre as duas legendas para poupar Antonio Palocci de uma CPI no Congresso, um petista tratou de alimentar ainda mais as dúvidas que pairam sobre os negócios do ministro da Casa Civil. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse, em entrevista publicada ontem pelo jornal O Estado de S. Paulo, que Palocci relatou a senadores petistas ter ganhado R$ 1 milhão em apenas um projeto de consultoria de sua empresa, a Projeto, em um processo de fusão. Não foi informado quais foram as companhias envolvidas.

Fusões entre empresas costumam ser apreciadas pelo Conselho Administrativo de Defesa Eco­­nômica (Cade), orgão vinculado ao Ministério da Justiça. O Cade tem o poder inclusive de impedir que duas companhias se fundam, caso isso implique risco à concorrência de mercado.

O senador petista afirmou ainda que o ministro disse que os ga­nhos por intermediações da Projeto poderiam chegar até R$ 2 milhões ou R$ 3 milhões se Palocci tivesse mantido a empresa ativa – antes de retornar ao primeiro escalão do governo como chefe da Casa Civil. Segundo o petista, Palocci relatou aos senadores do PT que a empresa Projeto realizava três tipos de atividades: palestras, consultorias para empresas ou instituições em aplicações no mercado financeiro e assessoria para empresas em processos de fusão.

A revelação de Suplicy aumenta as suspeitas de que Palocci possa ter usado sua influência no governo do ex-presidente Lula para facilitar negócios de empresas privadas. Até agora, o ministro tem se negado a revelar quais foram as empresas para quem ele trabalhou e que serviços foram prestados. Mas Suplicy destacou que, na conversa que teve com os senadores, Palocci assegurou ter realizado todos os serviços "de acordo com a legislação".

Jantar

A entrevista de Suplicy, com potencial para reforçar ainda mais os argumentos da oposição pela instalação de uma CPI para investigar Palocci, foi publicada horas depois de um jantar oferecido a senadores do PMDB, na segunda-feira à noite, no Palácio do Jaburu, pelo vice-presidente Michel Temer. O vice buscou acalmar os ânimos da bancada, desgostosa com a relação com o PT, e reiterou o apelo para que não assinem o pedido de abertura da CPI. A reunião também foi preparatória para o almoço de hoje dos senadores do PMDB com a presidente Dilma Rousseff, no Palácio da Alvorada, para selar a paz oficial entre o Planalto e os peemedebistas.

Temer teria conseguido convencer a maioria dos peemedebistas a não engrossar o coro da oposição contra Palocci. O senador Pedro Simon (PMDB-RS), que havia ameaçado fazer um duro discurso contra o ministro ontem, acabou vol­­­tando atrás. Decidiu esperar um pronunciamento do procurador-geral da República, Rober­­­to Gurgel, que abriu investigação contra Palocci. O mesmo fez o senador Luiz Henrique (PMDB-SC).

"A tendência é as coisas se acalmarem nesta semana, a nuvem passar e essa crise se dissipar", disse o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO). Temer repetiu durante o encontro a declaração de que o desentendimento com Palocci "ficou no passado".

Requião assina

O senador paranaense Roberto Requião foi o único peemedebista a reiterar durante o jantar a disposição de assinar a CPI. Requião cumpriu o prometido ontem, e assinou o requerimento de investigação do ministro na presença do senador Alvaro Dias (PSDB-PR), um dos líderes da oposição.

"Sou da base do governo, sou amigo da Dilma, sou amigo do Lula. Mas, a evolução patrimonial do Palocci é inexplicável. Acho que tem que ser investigada profundamente", declarou Requião em entrevista a rádio Evangelizar, de Curitiba. O senador Jarbas Vas­­concelos (PMDB-PE), outro favorável à CPI, não compareceu ao jantar de Temer.

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