São Paulo (Folhapress) O presidente nacional do PT, Tarso Genro, foi direto ontem ao afirmar que não apoiaria uma eventual candidatura de Antônio Palocci, ministro da Fazenda, à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Se tivesse uma votação dentro do partido para escolher quem é o candidato na prévia (à Presidência), o Palocci não seria meu o candidato", disse Tarso, durante sabatina na Folha de S. Paulo. Neste momento, o petista foi aplaudido por cerca de dez pessoas da platéia.
Tarso afirmou que, apesar de considerar o ministro um "grande quadro" dentro do PT e reconhecer a enorme responsabilidade positiva dele em relação à atual crise política, defende uma transição no país para um outro modelo de desenvolvimento econômico. "E Palocci não seria o indicado para comandar essa transição."
Diante de uma eventual desistência de Lula em disputar a reeleição, Tarso citou o senador paulista Aloízio Mercadante e o prefeito de Aracaju, Marcelo Déda, como possíveis candidatos. São, segundo ele, nomes de "expressão altamente positiva na sociedade". Ele descartou qualquer pretensão de disputar o cargo.
Mas uma reeleição de Lula, disse o petista, deverá ser analisada com o tempo, não no calor da atual crise política.
Tarso é crítico do projeto econômico defendido por Palocci. O petista afirmou reconhecer que a política econômica dá segurança a uma grande parte da sociedade e que, neste momento de crise, se transforma num elemento agregador. "Mas essa mesma política econômica frustra parte da sociedade também."
"O problema da política econômica é exatamente como sair da questão da estabilidade como um fim em si mesmo, e da questão do crescimento econômico como um fim em si mesmo. O bem-estar da sociedade mede-se pela situação social, pela capacidade de sobrevivência dos mais pobres, e não pelo poder de consumo dos mais ricos", afirmou Tarso.
"Eu não outorgo ao presidente a responsabilidade pessoal em relação a isso. O presidente é um gestor de todo o Estado, de todos os aspectos econômicos e sociais", afirmou o petista.
Segundo ele, falta ainda responder como o país pode reduzir as diferenças sociais e transformar o desenvolvimento econômico num processo de distribuição de renda.
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