O advogado Rogério Buratti colocou mais lenha na fogueira que cerca o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, no caso do mensalinho de R$ 50 mil que a Leão & Leão teria pago à Prefeitura de Ribeirão Preto na segunda gestão de Palocci na cidade. A comissão, supostamente repassada ao PT, teria sido exigida pelo próprio Palocci, que também teria negociado diretamente com a empresa os artifícios para superfaturar o pagamento dos serviços de lixo na cidade.
Segundo a revista "Veja", as informações foram reveladas em depoimento sigiloso de Buratti no início do mês passado. Ainda segundo a revista, as informações teriam sido escondidas da imprensa até agora por causa de um suposto acordo do ministro com o Ministério Público de São Paulo, segundo a revista. Essa versão é negada pelo MPE.
- Não houve nenhum acordo. Não temos nenhum interesse em preservar o ministro. Apenas definimos que algumas informações são sigilosas, para não atrapalhar as investigações- disse Sebastião Costa da Silveira, um dos promotores do caso.Outras duas informações de "Veja", de que parte do mensalinho ficava com Palocci em vez de ir para o PT, e acerca de um suposta reserva financeira do ministro junto à empreiteira também são negadas.
Promotores que ouviram o depoimento de Buratti, prestado há um mês na Delegacia Seccional de Polícia de Ribeirão Preto, disseram que o depoimento foi o mais contundente até agora. Segundo o promotor Tiago Cintra Essado, o mais importante foram os detalhes da operação para o suposto esquema de superfaturamento.
A transação teria sido feita sobre um contrato assinado pela gestão que antecedeu Palocci, que assumiu seu segundo mandato em 2000.
- Em 99, para vencer a concorrência do lixo, a Leão estabeleceu o preço de R$ 17 por tonelada de lixo, embora o mercado cobrasse R$ 42. Mas no final, com Palocci, a tonelada custou R$ 120 à Prefeitura. Além disso, Buratti disse que Palocci entrava em contato direto com a Leão - conta Essado.
O promotor Silveira acrescenta:
- Perguntamos: "Quem acertava os preços?" E ele respondeu: "O prefeito". Depois: "Como era a negociação?" e ele: "O prefeito estabelecia tetos de gastos e a Prefeitura negociava os serviços".Outra informação de Buratti é de que outras pessoas ligadas à política também recebiam propina da empresa. Ele não citou nomes, no entanto. Segundo o promotor, Buratti ainda não contou tudo o que sabe, mas tem avançado nas declarações. Ex-secretário de Palocci na prefeitura e ex-diretor da Leão, ele chegou a ficar preso no início do inquérito sobre o lixo.
- Ele fala segundo suas conveniências, mas aos poucos sempre abre um pouco mais.
- Com certeza sabe ainda muito mais que o que contou até agora- disse Essado.