Recluso há mais de uma semana, depois que o caseiro Francenildo Costa o acusou de mentir sobre freqüentar uma casa alugada por lobistas em Brasília, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, afirmou nesta sexta-feira que existe um "nível de exacerbação além do razoável", mas afastou a possibilidade de a crise política provocar "conturbações econômicas".

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- Eu não posso, como ministro da Fazenda, debater todo tipo de acusação baixa e ofensas que são apresesentadas no jogo politiqueiro. Aí sim eu comprometeria a condução da economia - disse, durante cerimônia promovida pela Câmara Americana de Comércio de São Paulo.

Palocci destacou a maturidade institucional da economia brasileira e disse que, graças a ela, os indicadores se mantêm inabalados, mesmo com o ministro da Fazenda estando "perto do inferno".

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- Como é possível ter uma economia que começa a voar em céus de brigadeiro e um ministro da Fazenda que está mais para o lado do inferno, ali no terceiro ou quarto círculo do Inferno de Dante?

Palocci disse que deixaria de lado "gráficos chatésimos" que tinha preparado aos empresários e, depois de enumerar avanços na economia, justificou o afastamento dos últimos dias. Sem citar diretamente as acusações que vem sofrendo, ele reconheceu erros do governo, do seu partido (o PT) e dele próprio.

- Todos nós temos que pagar pelos erros que cometemos, mas não se pode transformar o debate político numa crise sem fim, numa crítica desenfreada de todas as coisas, numa agressão a vidas pessoais. Quando chega nisso, eu me afasto, fico um tempo distante - disse.

- Por mais que pessoalmente eu enfrente um período maior de turbulências pessoais, vou buscar a serenidade necessária para enfrentar isso. Não vou misturar isso com meu trabalho.

O ministro disse que as eleições presidenciais deste ano podem "ser muito agressivas".

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- Não posso fazer no Ministério da Fazenda um debate desses temas que estão sendo colocados. (...)Eu não atribuo isso a partidos nem a lideranças. Acho que dentro do jogo político há pessoas que não têm limites. Pessoas que não vêem limite entre investigar o que é justo e perseguir; não vêem limite entre o que é crítica e respeito às pessoas.

-Infelizmente, neste momento as forças políticas estão num enfrentamento muito perigoso para o país - afirmou Palocci.

No entanto, ele se disse convicto de que a economia será resguardada. O ministro afirmou que esteve com representantes do Fundo Monetário Internacional (FMI) numa reunião de rotina e que recebeu elogios quanto ao avanço dos indicadores brasileiros.

- Podemos ter problemas, não na economia. Mas podemos comprometer o próprio processo (político) - disse. - Mesmo com eleição conturbada, a economia vai caminhar bem - afirmou, também elogiando o trabalho de sua equipe, composta por "pessoas de alta qualificação técnica".

O ministro elogiou o trabalho da imprensa, mas disse que "alguns colegas precisam prestar atenção ao que publicam porque fazem prejulgamentos, ofendem pessoas e ofendem famílias".

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A imprensa foi mantida à distância do ministro. Os jornalistas só puderam entrar no salão depois que Palocci entrou no local. Além disso, a imprensa não teve acesso a todas as dependências do salão da câmara.