O advogado Rogério Buratti disse nesta quinta-feira na CPI dos Bingos que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, sabia da doação não declarada feita por donos de bingos de São Paulo à campanha eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002. A denúncia havia sido feita à comissão pelo próprio Buratti, que, no entanto, havia poupado Palocci até aqui. Em seu quarto depoimento à CPI, Buratti disse que não pode afirmar se Lula e o ex-ministro José Dirceu conheciam o suposto esquema.
- Palocci sabia - enfatizou Buratti, que foi secretário de governo na primeira gestão de Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto, em 1993 e 1994.
Uma testemunha que teve o nome mantido sob sigilo contou ao Ministério Público de São Paulo esta semana que o empresário Roberto Carlos Kurzweil foi responsável pela arrecadação dos recursos em nome de Palocci. A testemunha disse que a doação de R$ 1 milhão foi feita por dois empresários angolanos, donos de bingos em São Paulo.
Kurzweil também é personagem da denúncia de que o governo de Cuba teria enviado dólares para a campanha de Lula. Ele confirmou ter cedido o carro blindado onde foram transportadas em São Paulo as três caixas de uísque, onde, segundo a revista Veja, estariam de US$ 1,4 milhão e US$ 3 milhões.
De acordo com as primeiras denúncias de Buratti, em São Paulo foi arrecadado cerca de R$ 1 milhão por Ralf Barquete dos Santos, ex-secretário de Palocci na prefeitura e ex-diretor da Caixa Econômica Federal. Barquete morreu no ano passado de câncer. No Rio, segundo Buratti, foram arrecadados mais R$ 1 milhão, por Waldomiro Diniz, ex-assessor do então ministro José Dirceu.
Sobre o chamado caso Cuba, Buratti reafirmou que apenas ouviu o relato de Ralf Barquete e negou ter participado da operação. Ele disse que Ralf o procurou em junho de 2002 para consultá-lo sobre as formas de trazer o dinheiro da ilha a pedido de Palocci. Depois, em setembro daquele ano, Ralf o teria procurado novamente para informá-lo que a operação havia sido concretizada com sucesso.