O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, defendeu-se nesta quarta-feira, durante depoimento na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, das acusações de corrupção e garantiu que está "forte, firme e presente" para conduzir o seu projeto econômico. Palocci disse que a ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, "errou", e garantiu que tem o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para continuar no governo.
O ministro foi enfático ao afirmar, em um pronunciamento inicial, que são totalmente infundadas as denúncias envolvendo sua gestão na prefeitura de Ribeirão Preto, e acrescentou que não se furtará a dar explicações sobre as acusações. Parlamentares do PFL e do PSDB, por sua vez, desistiram de fazer perguntas sobre as denúncias, numa estratégia para tentar levar o ministro a depor sobre o assunto na CPI dos Bingos ( Clique aqui para saber mais sobre a defesa do ministro ).
Em relação às recentes críticas de Dilma, Palocci ressaltou que os dois pensam de forma diferente sobre o equilíbrio fiscal, assunto que, segundo ele, é "pertinente à pasta da economia", e assim continuará.
- Eu disse à ministra Dilma que considerava que ela estava errada nesse debate. Não faria disso um debate público. Mas como veio a público eu acho importante que seja dialogado dessa maneira - disse Palocci, para em seguida acrescentar. - Insisto. Estou preparado para realizar esta política. Não acho que devemos mudar. E não há sinais do presidente Lula de que nós devemos mudar.
Respondendo ao senador Jefferson Péres (PDT-AM), que classificou as recentes criticas da ministra de "um petardo de dentro do Palácio do Planalto", o ministro afirmou que o presidente "não tem dúvidas acerca da condução da política econômica".
- A situação permite um trabalho efetivo dessa política econômica na medida em que o presidente Lula tem sistematicamente dado seu apoio a ela, dado à equipe econômica o apoio necessário, não só a autonomia. Muitas medidas da política econômica são medidas políticas que o presidente tem que adotar. Sem o presidente, elas não têm o mínimo de eficácia. Estou preparado para realizar esta política e não há sinais do presidente Lula de que ela deva mudar - disse Palocci.
O ministro voltou a defender um esforço de longo prazo para melhorar o quadro fiscal do país e reduzir as despesas correntes primárias (os gastos do governo com folha de pagamentos e administração da máquina). E destacou no seu depoimento aos senadores que não vem defendendo metas fiscais maiores, mas sim de prazo mais longo, e com ênfase sobre os gastos correntes, não sobre os investimentos.
O ministro argumentou que essas medidas são essenciais para elevar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas geradas pelo país) e a redução dos juros.
O debate sobre a necessidade de fazer maior economia de recursos para pagar juros da dívida pública (conhecida como superávit primário) ou aumentar investimentos é o ponto central da briga atual entre a ministra Dilma e a equipe econômica (Palocci e o ministro Paulo Bernardo, do Planejamento, mais especificamente). Dilma defende o aumento dos gastos públicos, enquanto a equipe econômica mantém uma postura mais conservadora, que inclui não apenas a limitação dos gastos, mas também uma meta de superávit primário elevada - a meta anual de 4,25% do PIB já alcançou 6,1% no período de 12 meses.
- (Sem essas medidas) a única saída será o aumento da carga tributária - disse o ministro aos senadores.
Palocci ressaltou que concorda com a ministra Dilma quando ela diz que o investimento público deve ser olhado com muito carinho.
- Se olharmos para trás, veremos que o investimento público tem caído de maneira indesejável - afirmou, acrescentando que não existe a intenção de substituir os investimentos privados.
Durante seu depoimento, o ministro citou também números de crescimento, falou de criação de vagas de trabalho, do controle da inflação e dos recordes das exportações. Palocci fez questão de dizer também que os ganhos atuais da política econômica do Brasil são resultado de um esforço de mais de uma década no país, não poupando elogios aos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, Itamar Franco e José Sarney.
Palocci disse ainda que o presidente Lula foi corajoso ao ter "contrariado orientações políticas anteriores e se sujeitado a perdas políticas importantes para fazer aquilo que precisava ser feito":
- Imaginem o que seria, desde 2003, com a grande crise econômica que nós tivemos se o presidente Lula tivesse dúvidas sobre o projeto econômico. É evidente que não poderíamos ter colocado o Brasil para crescer novamente. Nós não chegaríamos onde chegamos sem o apoio do presidente Lula.
O ministro disse que o emprego já atingiu patamar bastante superior ao da década passada. Segundo ele, o emprego formal vem, há mais de um ano, sendo gerado em quantidade maior que o informal, revertendo a tendência de muitos anos da economia brasileira.
Palocci ressaltou que, associado a esses ganhos, está o avanço na renda do trabalhador. Para ele, o fenômeno mais importante da economia "não é outro senão a massa salarial e o aumento na renda real dos trabalhadores", impulsionados pelo sucesso da política de combate à inflação, que "levou esses ganhos para o bolso do trabalhador".
Enquete
Você acha que o ministro Antonio Palocci deve deixar o Ministério da Fazenda? Dê sua opinião
A festa da direita brasileira com a vitória de Trump: o que esperar a partir do resultado nos EUA
Ministros do STF fazem piada sobre vitória de Donald Trump; assista ao Entrelinhas
Com imigração em foco, Trump começa a projetar primeiros decretos como presidente dos EUA
Slogans x resultados: a maior vitória de todas é a de Trump
Deixe sua opinião