Explicações
Silêncio deve ser rompido hoje à noite
Pressionado por todos os lados, Antônio Palocci deverá dar sua primeira entrevista sobre o aumento de seu patrimônio. O ministro provavelmente aparecerá no Jornal Nacional, da Rede Globo, na noite de hoje, segundo fontes informaram a agências de notícias. Oficialmente, porém, ninguém no PT ou no governo confirmava a presença do chefe da Casa Civil no programa.
Ontem, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse apenas que Palocci iria dar uma entrevista para a imprensa "em data própria". Na saída de uma reunião da Executiva do partido, Falcão defendeu Palocci, afirmando que ele vem dando explicações à Procuradoria-Geral da República.
Desde que o jornal Folha de S.Paulo revelou que Palocci multiplicou por 20 seu patrimônio no período de quatro anos, há mais de duas semana, o ministro não falou publicamente sobre o assunto.
Marco Maia cogita anular convocação de ministro
O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), deverá anular a votação da convocação de Palocci, aprovada na quarta-feira pela Comissão de Agricultura da Casa. Os líderes da base estão convictos de que, após analisar as imagens e fazer uma espécie de "sindicância" sobre a reunião, Maia vai invalidar a convocação e determinar a realização de nova votação a ideia é que isso ocorra na quarta-feira.
Para anular a convocação de Palocci, o presidente da Câmara está trabalhando em duas linhas. Ele está levando em consideração o fato de o presidente da Comissão, Lira Maia (DEM-PA), ter ensaiado um recuo momentos depois de ter proclamado o resultado. Lira chegou a propor uma nova votação, mas foi impedido pelo líder do DEM, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA). Outro argumento se baseia na questão de ordem pedindo a anulação da votação, assinada por 30 dos 40 integrantes da Comissão de Agricultura. "É público e notório que a maioria dos deputados não aprovou o requerimento", afirmou Maia.
Diante da provável anulação da votação, os partidos de oposição se preparam para recorrer da decisão ao Supremo.
Agência Estado
Entrevista
"A solução é vir a público e esclarecer"
Único paranaense na reunião de ontem da executiva nacional do PT, o deputado federal André Vargas admitiu que as conversas internas sobre conjuntura política foram focadas na crise que envolve o ministro Antonio Palocci. "É um problema pessoal que tomou proporções políticas", avaliou o parlamentar.
O dia ontem foi de derrotas para o ministro chefe da Casa Civil, Antônio Palocci. No Senado, Pedro Simon, filiado a um partido da base de Dilma Rousseff, o PMDB, pediu da tribuna que Palocci se afastasse do cargo. Na Câmara, deputados governistas falavam à imprensa, ainda que pedindo para não ser identificados, que a hora de Palocci sair realmente já chegou. E em seu próprio partido, o PT, o ministro não teve o apoio que poderia esperar: a Executiva nacional decidiu não fazer uma nota pela permanência do coordenador político do governo.
VÍDEO: O correspondente André Gonçalves analisa crise Palocci
Os problemas de Palocci, que começaram no dia 16 de maio, quando a Folha de S. Paulo divulgou que o ministro aumentou seu patrimônio em 20 vezes durante os últimos quatro anos, se tornaram mais graves nesta quarta-feira, quando a Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, num cochilo dos deputados governistas, conseguiu aprovar uma convocação para que o ministro se explique no Congresso.
Ontem, o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, liderava uma operação para tentar realinhar o PT em defesa do ministro. No entanto, pode ser tarde demais. No Rio Grande do Sul, o presidente regional do partido, deputado estadual Raul Pont, pediu em público a saída de Palocci. E a tentativa de fazer com que a cúpula petista declarasse oficialmente apoio ao chefe da Casa Civil fracassou.
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse na saída da reunião da Executiva que o partido não produziu uma nota de apoio ao ministro porque, segundo ele, parlamentares e ministros já vêm fazendo a defesa de Palocci publicamente. Falcão afirmou que o caso Palocci não foi tratado durante a reunião. No entanto, a reportagem apurou que o assunto fez parte da pauta do partido e provocou mal-estar.
Mais cedo, Carvalho negou que a crise envolvendo Palocci esteja paralisando o governo. ?A crise para nós tem um peso, uma importância, mas ela é muito relativa. A ordem da presidente é que a gente continue trabalhando?, disse ele.
Questionado se a situação de Palocci no governo é ?delicada?, Carvalho respondeu: ?Mas continua firme?. ?Nós não perdemos o nosso norte?, disse Carvalho, acrescentando que ?as crises são importantes, a gente enfrenta com maturidade?.
Simon
Em seu discurso na tribuna do Senado, ontem, o peemedebista Pedro Simon disse que está ?ficando feio? para o PT e para o PMDB impedirem que Palocci seja convocado para prestar esclarecimentos na Casa. ?Ministro, Vossa Excelência deveria se afastar. Se afastar hoje ou amanhã, antes de se criar CPI ou antes do Ministério Público se posicionar. A grande saída é o senhor se afastar.?
Simon disse que não está condenando o ministro por antecipação, mas que o coordenador político do governo deveria se explicar à sociedade comparecendo ao Congresso para depor, como deseja a oposição.
Dos diversos senadores do PT, que acompanharam o discurso de Simon, nenhum se manifestou para defender o ministro. Por outro lado, nenhum parlamentar endossou as críticas de Simon.
O senador Pedro Taques (PDT-MT), governista, tentou comentar as palavras do peemedebista, mas acabou impedido depois que Simon extrapolou seu tempo na tribuna. Taques disse que defende a convocação do ministro para se explicar ao Congresso.
Reforma
Incomodados com a paralisia do governo, petistas já defendem mudanças na estrutura de articulação política do governo. Há, porém, o medo de que os escolhidos para a condução das costuras políticas sejam alvos de ataque.
Além dos nomes de Paulo Bernardo, Fernando Pimentel e Gilberto Carvalho para a Casa Civil, há quem defenda a volta de Alexandre Padilha para a vaga de Luiz Sérgio, que hoje responde pelas Relações Institucionais.
Interatividade
O ministro Palocci deveria se afastar durante as investigações?
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