Nos bastidores do Palácio do Planalto, corre a informação de que Marcela Temer vai ocupar um gabinete ao lado do presidente Michel Temer, para comandar o programa Criança Feliz, voltado a crianças de zero a 3 anos. Oficialmente, porém, não há nada confirmado. Por enquanto, o que há de certeza sobre a primeira-dama é sua capacidade de ditar moda e mobilizar – para o bem e para o mal.
Quando assumiu interinamente, Temer declarou que Marcela teria todas as condições para assumir um cargo em algum programa social. No começo de setembro, quando o peemedebista foi efetivado no cargo, voltou-se a falar que ela assumiria o programa, comandado pelo Ministério do Desenvolvimento Social. Havia a expectativa inclusive de que Marcela fosse com Temer para Nova York, para a Assembleia Geral da ONU em Nova York, e teria compromissos relacionados ao desenvolvimento infantil. Mas o presidente embarcou desacompanhado.
Enquanto as possíveis ações sociais de Marcela continuam uma incógnita, suas poucas aparições em público indicam que ela pode se tornar um ícone fashion. No desfile oficial de 7 de Setembro, em que Temer enfrentaria o público descontente com sua posse, foi o traje da primeira-dama que chamou mais a atenção: um vestido de tricoline branco, 100% algodão, com um decote canoa, assinado pela estilista Luisa Farani, de Brasília.
Fato semelhante havia ocorrido na posse da chapa Dilma-Temer, em janeiro de 2011, quando Marcela usou tranças, saia e uma blusa que deixou o ombro de fora. Na recondução ao cargo, em 2015, ela foi mais discreta – vestido branco sem decote. De lá para cá, a única vez em que virou notícia foi em abril de 2016, quando a revista Veja publicou um polêmico perfil intitulado “Bela, recatada e do lar”, o que despertou a fúria de muitas brasileiras e brasileiros.
Com seus atributos, Marcela, 33 anos, poderia então ser uma primeira-dama aos moldes de Jacqueline Kennedy? A norte-americana ditou moda na década de 1960 e foi grande apoiadora do marido John Kennedy, sem ter se envolvido com as causas sociais.
O estilo de Jackie, porém, não pode ser recriado, nem no Brasil nem nos Estados Unidos. Segundo a historiadora Katherine Jellison, estudiosa do tema de primeiras-damas, o controle de imagem que a família Kennedy exercia não pode mais ser replicado, e as mulheres dos presidentes estão à mercê do jogo político e dos questionamentos públicos.
Conclusão semelhante pode ser feita a respeito de outro mito, Evita Perón, aclamada como “mãe dos pobres” por suas ações assistenciais durante o governo do general Juan Perón (1946-1952). Ela, morta há 64 anos por um câncer no útero, mantém um séquito de fãs ainda hoje.
Tendência
Mulheres belas como Michelle Obama e Carla Bruni-Sarkozy, a despeito do engajamento social e intelectualidade, foram vítimas recentes de assédio moral nas redes sociais, algo inimaginável na época de Jackie e Evita. Tanto Michelle como Carla evitaram a participação direta em programas de governo. A primeira-dama norte-americana lançou, em 2010, uma campanha de combate à obesidade infantil. A francesa, a partir também de sua renda como cantora e modelo, lançou em 2009 uma fundação privada para promover educação e alfabetização.
No Brasil, as últimas ocupantes do cargo de primeira-dama diferiram bastante. Marisa Letícia não exerceu função social e também não se destacou politicamente na gestão do presidente Lula (2003-2010), ao contrário de Ruth Cardoso, mulher de FHC (1995-2002). A socióloga comandou o Comunidade Solidária, que visava ao combate da pobreza e da fome. O programa foi extinto no segundo mandato do tucano, mas Ruth sempre foi voz ativa na área social, por sua experiência acadêmica.
Marcela Temer é bacharel em Direito, mas não tem nenhum trabalho no currículo. Segundo assessores, sua experiência como mãe de Michelzinho, 6 anos, a credencia para comandar um programa como o Criança Feliz. Mas, oficialmente, não há nada definido.
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