A terceira edição do Papo Universitário 2013, promovido pela Gazeta do Povo ontem à noite no Teatro Paiol, em Curitiba, debateu os protestos pelo país, a corrupção da classe política, as reformas no sistema eleitoral e a violência policial. O evento foi transmitido ao vivo pela ÓTV, canal 11 da NET Curitiba, e teve a participação de estudantes, que fizeram perguntas sobre o tema. Internautas puderam enviar suas perguntas pelo site da Gazeta do Povo ou pela rede social Twitter.
O bate-papo teve a presença de três jovens engajados nas manifestações dos últimos meses no Brasil: Clarissa Maçaneiro Viana, estudante de Direito da UFPR, militante dos movimentos estudantil e feminista; Luan de Rosa e Souza, coordenador nacional do movimento social Dia do Basta; e Pedro Veiga, fundador e diretor-presidente do Instituto Atuação.
O apresentador Luigi Poniwass abriu o debate perguntando aos convidados quais seriam os motivos para que as manifestações tenham ocorrido apenas em junho. Para Luan de Rosa, houve grande influência dos protestos na Turquia e da Copa das Confederações. Para ele, a internet também facilitou o diálogo entre coletivos e manifestantes.
Clarissa Viana comentou que, no momento em que ocorria a Copa das Confederações, as pessoas perceberam que o governo tinha dinheiro para investir em estádios, mas não nas áeras de educação e saúde, e que o modelo de desenvolvimento proposto era frágil.
A diversificação da pauta (os protestos começaram pedindo a redução das tarifas de ônibus e depois outras causas apareceram) também foi debatida. Pedro Veiga lembrou uma pesquisa que indicou a questão do transporte apenas como a gota dágua para protestos que pediam mais investimentos em saúde e educação. Clarissa lembrou que milhares de pessoas foram às ruas mesmo em locais onde a questão da tarifa não estava colocada.
Antipartidarismo
O tema do segundo bloco foi o antipartidarismo de muitos manifestantes, que se recusaram a participar de protestos com bandeiras de partidos políticos. Os convidados lembraram que a ausência de partidos é uma característica de ditaduras.
Clarissa admitiu que muitos partidos não têm propostas concretas, mas lembrou que ir às ruas é um ato político e que nem toda atuação precisa ser partidária. A ativista lembrou que é possível fazer política participando de grêmios estudantis, centros acadêmicos, coletivos, conselhos e associações de bairro. Pedro Veiga avaliou que atualmente há movimentos que representam melhor a sociedade, o que pode explicar a repulsa ao partidos.
O projeto Eleições Limpas, elaborado por entidades como a OAB e sindicatos, também foi tema do debate. O projeto prevê mudanças em relação ao financiamento de campanhas, a reestruturação do sistema eleitoral, para dar mais legitimidade aos partidos; fim da transferência de votos, o chamado "efeito Tiririca"; eleições em dois turnos para todos os cargos, incluindo os cargos legislativos; e mais liberdade de expressão na internet.
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