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Brasília (AE) – O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, declarou ontem que seu colega Luiz Inácio Lula da Silva tornou-se vítima das "elites e do imperialismo" dos Estados Unidos, por manter uma orientação progressista e não ter se subordinado aos interesses desses setores. Depois de concluir seu roteiro oficial pela Argentina e o Uruguai, Chávez foi convidado por Lula para jantar, quinta-feira, na residência oficial, a Granja do Torto.

Ontem, deixou o País com quatro horas de atraso em relação à sua programação inicial, somente depois de ter prestado sua "solidariedade" e assistido ao pronunciamento do seu companheiro pela televisão, no qual Lula alegou-se traído por seu partido e pediu desculpas à Nação.

"Cada vez que chega (ao poder) um presidente com uma orientação progressista, que não se subordina às elites de cada país, que não se subordina ao imperialismo norte-americano, de qualquer mato salta uma lebre. Essa é uma situação constante na América Latina", declarou o presidente venezuelano. "Hoje, depois de amanhã, atacam homens como Lula para tentar reduzí-los rendê-los, quebrá-los. Homens como Lula não se rendem, não se quebram. Eu os conheço há muito tempo."

Sem responder à imprensa se estava ciente dos detalhes dos escândalos de corrupção que estão na base da pior crise política do governo Lula, Chávez demonstrou um surpreendente autocontrole, ao limitar suas declarações sobre o cenário político brasileiro. Chegou a declarar que seria irresponsável se especulasse que os Estados Unidos germinaram a crise do país – hipótese esdrúxula, mas que, no caso da Venezuela, Chávez não se cansa de repetir.

Também desistiu de receber deputados do PT, sindicalistas e representantes de movimentos sociais que haviam sido convidados pela embaixada venezuelana para um encontro no hotel em que estava hospedado. Ao deixar o hotel, apenas cumprimentou lideranças do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) e do Movimento dos Atingidos por Barragens.

O presidente da Venezuela escapou de reiterar uma declaração feita na madrugada a correspondentes estrangeiros, quando afirmou que há uma conspiração da direita no Brasil. Igualmente desconversou, com bom humor, de perguntas sobre a hipótese de impeachment do presidente Lula e de mencionar qualquer sinal de fragilidade emocional de seu companheiro.

"Notei Lula mais fortalecido que nunca. Notei que ele está com uma força moral indômita. Eu o vi como um potro", afirmou Chávez, ao relatar o encontro de quatro horas com o presidente brasileiro.

"Ele andou percorrendo as ruas do Brasil e me contou que chegou a subir em um Volkswagen para fazer um discurso. Eu o vi com muita motivação, entregue à causa do Brasil, dos pobres e da integração", insistiu.

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