Cunha é alvo de críticas por manobras feitas pela CPI da Petrobras.| Foto: Nacho Doce/Reuters

A defesa do lobista Julio Camargo, delator da Operação Lava Jato que denunciou propina de US$ 5 milhões ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou que o peemedebista e outros investigados agem com a “lógica da gangue”. Segundo os advogados de Camargo, a CPI da Petrobras tem tomado “uma série de medidas para desmoralizar a investigação”. Para eles, “está em vigor a moral da gangue, que acredita por triunfar pela vingança, intimidação e corrupção”.

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Opositores de Cunha vão pedir fim de sigilo da apuração da Kroll

  • brasília

Opositores do presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na CPI da Petrobras pedirão o fim do sigilo das investigações conduzidas pela Kroll em reação à revelação de que a empresa de espionagem foi orientada pela cúpula da comissão a dar prioridade às investigações sobre algumas pessoas, entre as quais o lobista Julio Camargo.

O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) condenou a investigação “seletiva” na CPI e a omissão dos nomes que são alvos do rastreamento da Kroll. “Há uma tentativa de desmoralizar a Lava Jato para que tudo seja considerado nulo e eles saíam como se nada estivesse acontecendo no país”, afirmou.

Já Eduardo Cunha divulgou nota para negar ingerência sobre a CPI da Petrobras, comandada por seu aliado, Hugo Motta (PMDB-PB). “Não participei, não participo nem participarei de qualquer decisão sobre investigações da CPI, que tem a sua autonomia”, afirmou.

O presidente da CPI da Petrobras, Hugo Motta, afirmou que Cunha não interfere na escolha dos investigados e negou que a investigação esteja sendo usada para retaliar Julio Camargo.

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“Eventuais contradições de Julio Camargo advêm de seu justificado temor em relação ao deputado federal Eduardo Cunha, que hoje ocupa a presidência do Poder Legislativo Federal”, diz o documento com as alegações finais do lobista à Justiça, anexado aos autos do processo. “A reação dos investigados contra o colaborador ocorrem em várias instâncias informais, que vão desde a maledicência à calúnia descarada, e formais com o uso da Comissão Parlamentar de Inquérito da Petrobras para desencorajar e desacreditar a colaboração prestada por Camargo, está em vigor a moral da gangue, que acredita por triunfar pela vingança, intimidação e corrupção.”

A cúpula da CPI da estatal, formada em sua maioria por aliados de Cunha, solicitou à empresa de espionagem Kroll que dê prioridade às investigações sobre o lobista. A intenção, segundo integrantes da comissão, é apontar contradições na delação premiada. O presidente da Câmara disse que não faria comentários sobre a CPI. Ele nega a acusação feita pelo lobista.

Navios-sonda

Em 16 de julho o lobista declarou à Justiça Federal que o suposto operador do PMDB no esquema de corrupção da Petrobras, Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, lhe disse que estava sendo pressionado por Eduardo Cunha para pagamento de propina. Os valores da propina teriam saído de compras de navios-sonda. Segundo relato de Julio Camargo, o peemedebista exigia US$ 5 milhões.

“Ninguém desconhece as críticas que Camargo vem recebendo diariamente por ter colaborado com o MPF [Ministério Público Federal], especialmente após ter revelado que foi vítima de coação por um parlamentar que descaradamente lhe exigiu US$ 5 milhões”, dizem os advogados de Camargo.

“Astuciosamente afirmam que a versão de Julio Camargo é mentirosa, teria sido engendrada pelo procurador-geral da República (Rodrigo Janot) para prejudicar o parlamentar envolvido nos fatos, nada mais falso: o escândalo e falsidade não estão nas palavras de Camargo, mas na corrupção daqueles que juraram proteger a coisa pública.”

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Na ocasião, o presidente da Câmara declarara que Camargo mentiu a pedido do procurador-geral da República, em conluio com o governo.