Líderes oposicionistas afirmaram hoje que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve, durante os oito anos de seu governo, "uma oposição dos sonhos". Ao comentarem a declaração de Lula, que em entrevista coletiva disse esperar que a presidente eleita Dilma Rousseff (PT), não enfrente uma oposição "raivosa", os parlamentares avisaram que não estão armados contra a petista, como acredita o Planalto. "A oposição que o Lula teve é a que todo presidente pede a Deus. Foi uma oposição generosa, responsável e construtiva. Raramente atuou com veemência", disse o vice-líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR).

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Para o tucano, quisera o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ter tido uma oposição semelhante à enfrentada por Lula. "O presidente Lula reclama, mas a única derrota dele no Senado foi a derrubada da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). Fomos uma oposição sem volume e precisamos aprender com os próprios erros", analisou.

A oposição no Senado nestas eleições ficou menor: caiu de 34 senadores para 22, número insuficiente aos 27 necessários para apresentar um pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). "Vamos ter de buscar mais apoio popular. A Dilma teoricamente terá mais facilidade, mas é preciso ver como ela vai conseguir conter os apetites de integrantes da sua base, que vão cobrar um preço pelo apoio", afirmou.

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Derrotado nas urnas, e um dos desafetos de Lula, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) reagiu com ironia à declaração do presidente. "Acho engraçado o Lula falar em oposição raivosa. Não é ele quem vai aos Estados e agride as pessoas gratuitamente?" Em recente viagem ao Piauí, Lula disse que "Deus fez vingança com senadores que votaram contra o governo". Em outra ocasião, o presidente também defendeu que o DEM fosse "extirpado".

"O presidente Lula é inclusive ingrato. Quando ele teve problemas ainda no primeiro mandato, por conta do mensalão, ele fez um apelo à governabilidade e nós o atendemos. Vamos aguardar a Dilma, vamos deixá-la governar", afirmou Heráclito, primeiro secretário do Senado. "Agora não é hora de a oposição brigar, até porque primeiro quem vai brigar com a Dilma é a sua própria base. Eles vão brigar por cargos e nós vamos só esperar."

Senador reeleito, Demóstenes Torres (DEM-GO) lamentou o fato de Lula usar "ironia e baixo calão" mais uma vez. Ele recomendou apreço pela democracia, que pressupõe convivência, inclusive com opostos. "A Dilma merece o mesmo tratamento respeitoso e atencioso que tivemos com o Lula. Somos minoria, mas a gente resiste", disse.