Briga pelo comando do Senado pode rachar base
Parte das disputas internas entre o PMDB e o governo está relacionada às eleições para presidência do Senado e da Câmara, que vão ocorrer em fevereiro de 2013. As duas vagas devem ser ocupadas por peemedebistas.
Senado
Em troca, ex-líder do governo ganha relatoria do orçamento
Das agências
Apesar de ter sido afastado da liderança do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) ganhou em troca a promessa de que será indicado para relatar a lei orçamentária de 2013 no Congresso. O posto é um dos mais cobiçados, pois o relator tem o poder de negociar a destinação de verbas com o Planalto e a inclusão de emendas com os parlamentares.
O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), negou que a promessa de indicação seja um "prêmio de consolação" para Jucá após o seu afastamento da liderança. Mas admitiu que foi uma forma de prestigiá-lo.
Com a destituição de Jucá, a presidente agrada à ala do PMDB que estava insatisfeita com o Planalto. E, ao indicá-lo relator do orçamento, evita que os peemedebistas de seu grupo passem a se indispor com o governo. Jucá juntamente com Renan e com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) concentrava as decisões da Casa. Esse poder excessivo vinha desagradando aos outros senadores peemedebistas.
Trabalho
Emperra a negociação com o PDT
Agência O Globo
A negociação do Planalto com o PDT para a indicação do novo ministro do Trabalho, em troca do apoio no Congresso, voltou à estaca zero. O motivo foi uma forte reação da bancada pedetista à escolha do deputado federal Brizola Neto (PDT-RJ) como o substituto de Carlos Lupi no ministério.
Apesar de Brizola ter o apoio das centrais sindicais, o líder do PDT da Câmara, André Figueiredo (CE), saiu do encontro de ontem com a ministra de Relações Institucionais Ideli Salvatti dizendo que os nomes que têm mais apoio da bancada são os do deputado Vieira da Cunha (RS) e do secretário geral do partido, Manoel Dias, braço direito de Lupi.
Segundo fontes do Palácio do Planalto, o nome de Brizola Neto é o preferido no governo, mas ele só será nomeado se conseguir se viabilizar dentro do PDT.
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Em crise com a base aliada, a presidente Dilma Rousseff decidiu rever a estratégia de negociação com o Congresso Nacional. A primeira ação foi a substituição dos líderes do governo na Câmara dos Deputados, Cândido Vacarrezza (PT-SP), e no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). A partir de agora, haverá um rodízio nos cargos para tentar uma aproximação do Planalto com grupos descontentes.
A principal preocupação é com o Senado. No lugar de Jucá, que estava no posto há dez anos (desde o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso), assume hoje Eduardo Braga (PMDB-AM). O substituto é líder de um grupo conhecido como G-8, composto por oito peemedebistas dissidentes da ala do partido encabeçada por José Sarney (AP) e Renan Calheiros (AL).
A gota dágua para as mudanças foi desencadeada na semana passada, quando os senadores rejeitaram em plenário a recondução de Bernardo Figueiredo para a direção-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Liderados pelo paranaense Roberto Requião, que é um dos membros do G-8, 36 parlamentares votaram contra a indicação de Figueiredo (feita a pedido do governo) e outros 31 foram favoráveis. Na interpretação do governo, Jucá errou ao não prever a possibilidade de derrota.
O ex-líder disse que "não guarda mágoas", mas que sabe dos motivos da troca e dos riscos que o governo terá. "Não foi um consenso da bancada, foi uma decisão da presidenta ouvindo parte da bancada. Ela entendeu que a escolha do senador Eduardo Braga ajudaria de certa forma a unir o grupo dos oito na questão da bancada como um todo", afirmou.
Requião ponderou que é injusto que Dilma culpe Jucá. "Ele não tinha bola de cristal para prever o que aconteceria", disse o paranaense. Ele também explicou que o G-8 é maior do que o governo estima e já compreenderia a maioria da bancada do PMDB. "Na verdade é um G-11."
Já Eduardo Braga deu sinais de que vai se preocupar com o "diálogo" para tentar evitar o alastramento de novas crises. "Há muito o que dialogar, há muito a construir, mas há uma disposição tanto do governo quanto do Parlamento no sentido de que exista convergência", afirmou o senador amazonense.
Surpresa
Na Câmara, a substituição de Vaccarezza provocou mais surpresa. O petista demonstrou abatimento e afirmou que sua saída se deve apenas a "questões políticas". Muitos deputados entenderam que Dilma só trocou Vaccarezza para demonstrar ao PMDB que adotaria o mesmo critério para peemedebistas e petistas.
"Ele [Vaccarezza] tinha uma postura bastante democrática em uma função difícil", afirmou o vice-líder do governo na Câmara, Osmar Serraglio (PMDB-PR). Por enquanto, não deve haver trocas entre os dez vice-líderes, dois deles paranaenses além de Serraglio, Alex Canziani (PTB).
No lugar de Vaccarezza, assume outro petista de São Paulo, Arlindo Chinaglia. Presidente da Câmara no biênio 2007-2008, ele se aproximou do Planalto no ano passado como relator do orçamento da União de 2012.
PR dá ultimato para reocupar o Ministério dos Transportes
Agência Estado
O líder do PR no Senado, Blairo Maggi (MT), afirmou ontem que seu partido vai esperar "no máximo" até a próxima semana a decisão do governo Dilma Rousseff de indicar um nome da legenda para o Ministério dos Transportes. Maggi disse que o PR não tem um nome para o posto, apesar de terem sido ventilados alguns cotados para o cargo inclusive o dele próprio. Apesar de estabelecer prazo, Maggi não chegou a falar em retaliação com o governo, caso a indicação não se confirme.
"Nós esperamos o desfecho dessa novela já de oito meses. O PR colocou esse pleito para a Presidência da República de voltar aos Transportes. Até agora não temos nenhuma resposta por parte do governo e estamos aguardando para a semana que vem, no máximo, resolver este assunto", afirmou.
Embora o atual ministro Paulo Passos seja filiado ao partido, o PR não considera ele como uma cota da legenda. Passou substituiu, no comando da pasta, ao presidente nacional do PR, o senador Alfredo Nascimento (AM). Nascimento se envolveu em denúncias de corrupção.