Quando concorreu à Presidência da República pelo PV nas eleições do ano passado, Marina Silva conquistou o voto de quase 20 milhões de eleitores. Hoje, prestes a deixar a legenda, especialistas observam que, provavelmente, quem perderá com a saída da ex-senadora será o partido.
"O PV vai perder os eleitores que a Marina conseguiu agregar nas eleições de 2010. Os votos não foram por causa das propostas do PV, foram por causa das qualidades pessoais dela", afirma José Álvaro Moisés, professor de ciência política da USP.
Para Moisés, o PV mostra uma enorme rigidez ao ser incapaz de absorver uma nova liderança com o perfil de Marina: "Jovem, mulher, de uma região menos desenvolvida do país". "Ela tem uma série de características que poderia agregar voto ao partido, mas eles não foram capazes de negociar para mantê-la."
O cientista político Leonardo Barreto foi mais duro ao criticar a legenda. Segundo ele, o PV é uma ficção política, pois não tem um padrão de correligionários. "Isso fica evidente quando vemos que, de um lado, o partido tem um político liberal, como o Fernando Gabeira e, de outro, um conservador, de uma família oligárquica, como o Zequinha Sarney."
Na opinião de Geraldo Tadeu Monteiro, presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social (IBPS), criar um novo partido seria a opção mais correta neste momento para o grupo de Marina, mas também a mais difícil. "Eles vão ter que fazer um longo trabalho de mobilização, coletar assinaturas, constituir diretórios estaduais e municipais...", observa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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