Especialistas acreditam que a mídia é a única válvula de escape de políticos contra o corporativismo. O professor de Ciências Políticas da Pontifícia Universidade Católica (PUC), em Londrina, César Bueno, considera a função dos "marginalizados" como fundamental e a única ferramenta desses deputados é recorrer à imprensa.
A tendência ao corporativismo, segundo Bueno, está no fato de os Legislativos terem sido preparados para atender segmentos específicos e se cristalizou a política de divisão de classe. Além disso, os políticos estão muito atrelados ao Executivo, se submetendo ao governo ou às lideranças da Casa. "O baixo clero não tem força para barganhar nem independência", diz.
O professor lembra também que as dificuldades e os problemas começam nos partidos políticos, que concentram o poder nas mãos de poucos e não há tolerância às divergências nem debate. Desta forma, os parlamentares sequer recebem o apoio de seus partidários. "Com isso, seus projetos não entram em pauta e eles ficam excluídos", afirma Bueno.
A professora e cientista política Maria Lúcia Barbosa, aposentada da Universidade Estadual de Londrina (UEL), concorda com Bueno no fato de o deputado recorrer à imprensa para tentar mudar o que ela chama de "o pior momento da vida política do país" nos últimos anos. "Há um conluio muito grande entre o Executivo e o Legislativo. E o que ocorre no Congresso Nacional é reproduzido nos estados."
Para Maria Lúcia, os parlamentares que assumem lideranças nos Legislativos criam clubes fechados para defesa dos interesses pessoais. "E os que não participam desses clubes só têm como instrumento a mídia, que é o quarto poder, pois não podem contar com os demais poderes, que são o próprio Legislativo, o Executivo e o Judiciário."
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