Com a segunda maior bancada da Câmara dos Deputados, o Partido dos Trabalhadores (PT) pode acabar respaldando na principal cadeira da Casa nomes que atuaram no processo de impeachment de Dilma Rousseff.
Entre os quatro parlamentares que já indicaram presença na disputa pelo comando da Câmara dos Deputados, apenas André Figueiredo (PDT-CE) não integra a base aliada de Michel Temer (PMDB) e se posicionou contra o afastamento da petista, no ano passado.
O apoio do PT ao candidato pedetista, contudo, ainda não está sendo tratado como “natural”. A decisão sobre qual será a posição da bancada petista na eleição deve sair no próximo dia 17, durante uma reunião entre os filiados.
Todas as possibilidades podem ser discutidas no encontro. Desde o apoio a um dos quatro candidatos até o lançamento de uma candidatura própria. Além de Figueiredo, estão na corrida pela vaga o atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ); o líder do PSD, Rogério Rosso (DF); e o líder do PTB, Jovair Arantes (GO).
Maia é apoiado especialmente pela chamada “antiga oposição”, capitaneada pelo PSDB, e que em 2015 se uniu ao ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB) para dar fôlego ao impeachment de Dilma Rousseff.
Maia conta com a simpatia do Planalto e da maior bancada da Casa, do PMDB. É o candidato com mais chance de vencer a disputa, a despeito do impasse em torno da legalidade da sua candidatura: adversários sustentam que a reeleição é proibida, inclusive para um mandato-tampão, caso de Maia, eleito apenas em julho de 2016.
Já Rosso e Jovair, oriundos do Centrão, bloco informal criado em maio do ano passado sob influência de Cunha, também atuaram diretamente no processo de impeachment. Rosso foi escolhido por Cunha para presidir a comissão especial do impeachment na Câmara dos Deputados. Jovair ganhou a função de relator no mesmo colegiado. Ambos defenderam o impeachment da petista, que acabou sendo cassada definitivamente em agosto do ano passado.
Mesmo com o histórico dos três candidatos, a bancada do PT sabe que Figueiredo, ou qualquer outro nome da atual oposição, tem pouca chance de vencer a disputa. Juntas, todas as legendas de oposição ao Planalto, como PCdoB e PSol, representam em torno de 100 dos 513 parlamentares.
Os petistas avaliam, portanto, se a melhor saída seria apoiar um candidato com mais chance de vitória, ainda que, no passado, tenha figurado como “algoz” de Dilma Rousseff. A ideia seria assegurar ao menos um espaço mínimo na administração da Casa – seja com uma cadeira na Mesa Diretora ou com garantias em torno de demandas da minoria.
Não é a primeira vez que o PT se depara com uma encruzilhada do tipo. No ano passado, embora o voto seja secreto, parte da vitória de Maia foi atribuída a petistas. A bancada não deu apoio formal ao parlamentar do DEM, mas filiados admitiram as conversas com o então candidato.
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